Título: Presidente recebe apoio de 46 reitores
Autor: Leonencio Nossa, Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2006, Nacional, p. A11

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem manifestos de apoio à sua reeleição assinados por 46 reitores de universidades federais e 96 dirigentes de escolas tecnológicas. Bem-humorado, prometeu redobrar investimentos na educação num eventual segundo mandato e se definiu como 'centroavante' do time dos acadêmicos.

'Quero dizer que não há retorno para a universidade brasileira. Agora, ou vai ou racha. E, certamente, não vai rachar. É o que todos precisamos', afirmou, referindo-se à ampliação da rede de ensino superior.

Após três anos de críticas por desdenhar do diploma universitário, Lula passou a ressaltar nos discursos a atenção dada à educação superior pelo governo dele. É uma forma, segundo assessores, de atacar o PSDB num tema caro à 'elite tucana', já que o governo Fernando Henrique Cardoso foi marcado por greves no ensino superior e pela atenção às instituições privadas. Lula gosta de lembrar que iniciou a construção de dez universidades, quatro totalmente novas. Segundo assessores, depois que conseguiu ultrapassar o número de universidades criadas por FHC (seis), Lula quer instalar mais uma universidade e bater a marca de Juscelino Kubitschek, que implantou dez instituições.

Embora os manifestos não tenham incluído as palavras 'reeleição' ou 'candidato', os reitores disseram que pediram o encontro com Lula para deixar claro o apoio à candidatura dele. 'Não é uma pauta de reivindicações, é um manifesto de apoio ao presidente', afirmou o reitor da Fundação Universidade de Rio Grande (Furg), João Carlos Cousin. O reitor da Furg explicou que não existe a possibilidade de esse grupo procurar o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. E nem os reitores foram procurados pelo tucano.

PRAZER

No discurso, de improviso, Lula afirmou que o governo, no diálogo com as universidades, conseguiu 'desatar nós'. 'A gente percebeu que é prazeroso investir em educação', disse. O presidente reconheceu que o governo não conseguiu aprovar ainda o projeto de reforma universitária e do Fundeb, que prevê mais recursos para o ensino fundamental. 'Tivemos que colocar R$ 1,7 bilhão na educação, no ano passado, porque não aprovamos o Fundeb. E mais R$ 1,3 bilhão neste ano.' E fez a promessa: 'Faltam poucos dias para o processo eleitoral terminar. Penso que temos condições de ganhar a eleição. E, ganhando, vamos fazer nas universidades brasileiras muito mais investimentos do que fizemos no primeiro mandato.'

Os reitores, no seu manifesto, dizem que 'os avanços são inegáveis'. Citam a recuperação orçamentária de 68%, a criação de dez novas universidades e a liberação de verbas para pesquisas. Já os dirigentes tecnológicos dizem que é necessário eleger um governo que seja sensível à importância da educação tecnológica pública e destaca o 'esforço do atual governo' nesse sentido.

Ao final, Lula tirou fotos com os reitores. Agachado, como nas fotos de times de futebol, disse: 'Estou numa posição de centroavante.'