Título: Desde 2002, quatro presidentes
Autor: Vera Rosa, Vanice Cioccari
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2006, Nacional, p. A4

Cargo de risco, cadeira ejetora, porta de saída, catapulta. Expressões irônicas cercam o posto de presidente nacional do PT, transformado em alvo desde o escândalo do mensalão, que derrubou o ex-deputado José Genoino (SP) e abriu um conflito interno com o ex-presidente José Dirceu, autor da ofensiva que derrubou a candidatura à reeleição de seu substituto, Tarso Genro. Mas quem pensava que a eleição do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) sepultaria os problemas se enganou. Agora, tocado pela crise do dossiê, é o parlamentar que 'anda na prancha'.

Genoino foi escolhido por eleição indireta, em lugar de José Dirceu, que deixava o cargo para ser ministro da Casa Civil no governo Lula. Genoino comandou a burocracia petista, intermediou articulações, teve amplo acesso ao presidente, mas caiu em julho de 2005, após a prisão de José Adalberto Vieira da Silva, assessor de seu irmão, José Nobre Guimarães, deputado estadual pelo PT do Ceará. Silva levava escondidos, na cueca e numa mala, R$ 440 mil, em moeda nacional e em dólares. Em desgraça, Genoino recolheu-se, deprimido, evitando eventos e contatos com a imprensa. Conseguiu agora se eleger deputado federal, para voltar em 2007.

Na crise aberta por sua saída, Tarso deixou o Ministério da Educação para assumir o posto de presidente do partido, por eleição indireta. Apresentou-se com um discurso de crítica aos erros do PT e pregando sua refundação para superar os problemas. Irritou o ex-presidente petista Dirceu, que mobilizou sua tropa na cúpula da legenda para inviabilizar a candidatura de Tarso a presidente pelo Processo de Eleições Diretas (PED. Abriu-se, assim, espaço para a eleição de Berzoini. Confirmada sua substituição hoje, seu sucessor será o quinto presidente do PT desde 2002.