Título: PDT deve apoiar tucano, mas impõe condições
Autor: Marcelo Auler
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2006, Nacional, p. A12

O presidente do PDT, Carlos Lupi, acha que será 'muito difícil' o partido apoiar o presidente Lula no segundo turno. A tendência, contou, é ficar com Geraldo Alckmin, do PSDB. 'É quase impossível (apoiar Lula) pelos históricos contenciosos.' Embora os pedetistas não admitam publicamente, também entra no cálculo o fato de desejarem o apoio dos tucanos no Paraná, onde Alckmin teve boa votação e Osmar Dias (PDT) disputa o segundo turno contra o governador Roberto Requião (PMDB).

O Diretório Nacional do PDT, reunido ontem no Rio, decidiu impor condições para apoiar qualquer dos dois candidatos. Traçou uma pauta de quatro itens - que pode chegar a seis até ser divulgada oficialmente hoje, na sua página na internet (www.pdt.org.br) -, com os quais o candidato terá de se comprometer por escrito e na presença da imprensa.

As 'questões estratégicas e fundamentais' do partido, como definiu Lupi, começam pela educação em tempo integral no ensino fundamental, em todo o País. O partido quer que o candidato assuma o compromisso e trace uma meta a ser atingida nos quatro anos de governo. Como lembrou o senador Cristovam Buarque (DF) - candidato derrotado do partido à Presidência -, sua proposta era de em 15 anos adotar esta prática em todo o País, trabalhando com a meta anual de mil cidades, nas quais todas as escolas passariam a funcionar em turno integral.

A segunda exigência é de não tirar nenhum direito legal que a classe trabalhadora tenha hoje. O PDT até concorda com atualizar a legislação, mas sem que implique perda de direitos. Há ainda o compromisso de não privatizar mais nenhuma estatal, especialmente o Banco do Brasil, a Petrobrás e a Caixa Econômica e, por fim, o de desenvolver uma política desenvolvimentista voltada em especial para pequenos e médios produtores e empresários.

Lupi já recebeu telefonemas do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, em nome de Lula, e do próprio Alckmin. Agora, o partido não vai procurar ninguém e aguardará o pronunciamento dos candidatos. Na semana que vem, a executiva do PDT voltará a se reunir, caso algum candidato assuma estes compromissos. O que ela decidir será homologado no dia 16 por nova reunião do Diretório Nacional.

Ontem à noite, em São Paulo, Alckmin se comprometeu a assumir os quatro pontos levantados pelo PDT. O candidato tucano contou que hoje vai responder por escrito a Carlos Lupi, reafirmando sua disposição. 'São pontos que vamos defender', assegurou. Ele passará o dia de hoje em São Paulo, onde vai iniciar a gravação dos programas para o horário eleitoral gratuito do segundo turno.