Título: 'Não vou proibir ninguém de me apoiar', diz Alckmin
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2006, Nacional, p. A6
Ao lado dos já eleitos governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves, em demonstração de força, o candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, afirmou ontem, 24 horas depois de receber apoio do casal Garotinho, que o compromisso e a aliança dele no segundo turno da disputa eleitoral são apenas com a população.
'No segundo turno só ficam dois candidatos. Até por exclusão, as pessoas precisam escolher um dos dois. Não se recusa apoio, se agradece. Só tenho um compromisso e é com o povo brasileiro. Eu não tenho aliança com ninguém, só com o povo brasileiro, com o nosso programa e proposta de governo', disse Alckmin, em resposta à repercussão negativa da adesão de Anthony Garotinho e Rosinha Matheus à sua candidatura e também ao apoio do governador reeleito de Rondônia, Ivo Cassol (PPS). Garotinho e Cassol são acusados de envolvimento em irregularidades. 'Denuncia se apura e se pune. Não vou proibir alguém de apoiar por causa disso.'
Alckmin garantiu ainda que não subirá no palanque e nem fará comícios com Garotinho. 'No segundo turno não tem palanque. Comício nenhum. Só televisão.' Sobre eventual participação de apoiadores em seu governo, afirmou: 'Governo se discute depois do dia 1º de Janeiro.'
O candidato tucano declarou também que, se fosse eleitor do Rio de Janeiro, votaria em Denise Frossard (PPS), apesar de ela ter declarado voto nulo no segundo turno, ontem, em razão do apoio recebido do casal Garotinho. 'A Denise é minha candidata. Eu respeito (o fato dela ter pregado voto nulo). E vou continuar apoiando-a', afirmou o candidato.
Ciente da crise provocada depois da adesão de Garotinho, Alckmin demonstrou crença de que mais essa dificuldade será superada. 'No primeiro turno, passamos por dificuldades e incompreensões maiores. Superamos todas elas', observou.
Pressionado por jornalistas, negou ainda que o encontro com Cassol fosse às escondidas. Alckmin disse que o governador reeleito de Rondônia não é do PSDB e por isso não o recebeu no Instituto Teotônio Vilela, como fez com Ottomar Pinto (PSDB-RR). 'Eu fui ao Morumbi e ele estava no (hospital Albert) Einstein, do lado, então tomamos um café', afirmou.
Alckmin também tentou minimizar a crise de sua campanha. 'A cobertura (jornalística) presidencial virou fofoca. É falta de notícia.' A exemplo do que fizera no primeiro turno, voltou a cobrar explicações sobre a origem do R$ 1,75 milhão para compra do dossiê Vedoin e criticou a postura dos ministros do presidente Lula. O principal alvo foi o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que deu entrevista anteontem,no Ministério, criticando a candidatura tucana. 'É utilização despudorada da máquina pública. Ministros viraram cabos eleitorais.' Depois de três dias de negociações, Alckmin volta hoje à campanha. A agenda começa em Salvador.