Título: Lula desafia oposição a travar debate sobre ética e corrupção
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2006, Nacional, p. A10

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou a oposição a travar com ele debate sobre a ética e a corrupção, apesar de o PT e o governo terem protagonizado grandes escândalos nessa área, como o do mensalão e o da montagem e tentativa de compra de um dossiê contra tucanos. A afirmação foi feita em reunião no Palácio da Alvorada ontem, diante de uma platéia de sete governadores eleitos e reeleitos, ministros e jornalistas.

'Vamos fazer o debate com a mesma gentileza que sempre fizemos. E quero dizer que nós queremos discutir profundamente ética, corrupção. Eu acho que o povo brasileiro merecia uma discussão melhor. Mas se quiserem (as oposições) enveredar por aí, vamos discutir isso e colocar na mesa as coisas que precisam ser colocadas numa campanha em que as pessoas não têm argumento para debater política econômica, política social', declarou Lula.

'E não têm argumento porque os estudos comparativos são mortais com relação aos oito anos do seu governo. Obviamente, (a oposição) vai procurar outra coisa para fazer a disputa política', completou, referindo-se à gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Lula mostrou confiança e aproveitou o discurso na frente dos jornalistas para afirmar, mais uma vez, que não fez políticas só para o Nordeste, onde foi o mais votado em todos os nove Estados. 'Muita gente da região centro-sul acha que nós fomos eleitos no Nordeste por causa da política social. A verdade é que no Sul nós temos mais política social quantitativamente nos Estados mais populosos. Em São Paulo, por exemplo, o governo federal gasta aproximadamente R$ 2 bilhões por ano em política social.'

Os governadores aliados de Lula cobraram dele que vá para as ruas fazer a campanha. Marcelo Déda (PT), eleito em Sergipe, foi o porta-voz dos colegas: 'Quero fazer uma sugestão, quase em tom de atrevimento, se o senhor me permitir. Vamos para a rua, presidente! Vamos para a rua que o povo está ansioso para vê-lo outra vez.' Ficou acertado que Lula vai tentar colocar na agenda pelo menos dois eventos de campanha por dia. Na sexta, irá a Juazeiro e Salvador, na Bahia, e a Petrolina (PE), justo no Nordeste. São Paulo e o Sul, onde o petista perdeu por margem maior, receberão atenção especial.

Lula pediu a Jaques Wagner, governador eleito da Bahia, que, além de cuidar desse Estado, vá a São Paulo levar a experiência de sua vitória. O deputado federal eleito Carlos Wilson (PT-PE), ex-presidente da Infraero, também deverá passar temporada em São Paulo. Outro eleito à Câmara, Ciro Gomes (PSB-CE) deve visitar Rio Grande do Sul e Minas. Cid Gomes (PSB), governador eleito do Ceará, fica com o Nordeste.

'São Paulo é o primeiro que tem de melhorar. Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul têm tudo para melhorar, porque na hora que se derem conta de que o projeto de Alckmin é um projeto de São Paulo, não é um projeto nacional, eles (os eleitores) vão cair na real', afirmou Cid. Lula também confirmou que participará de todos os debates na televisão.