Título: Ciro acusa Serra de armar dossiê contra o PT
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2006, Nacional, p. A12

O deputado eleito Ciro Gomes (PSB-CE) acusou ontem o governador eleito de São Paulo, José Serra, do PSDB, de montar uma armadilha para atingir a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa operação conjunta com a família Vedoin, que operava a máfia dos sanguessugas.

Sem apresentar provas e tentando desviar do Palácio do Planalto o foco das acusações, Ciro disse que foi a própria campanha de Serra que ofereceu o dossiê Vedoin aos 'aprendizes de mafiosos do PT de São Paulo', em uma atitude contra o País.

'Os mafiosos do PT caíram com quatro patas, de idiotas, irresponsáveis', afirmou Ciro, ao sair de reunião no Palácio da Alvorada entre Lula e oito governadores eleitos do PT, PSB e PMDB. 'Não passa na cabeça de ninguém honesto do País que Lula, com 54% de intenções de voto nas pesquisas, fosse produzir uma patuscada dessa natureza.' Ex-ministro da Integração Nacional, Ciro isentou Serra e o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, das denúncias de envolvimento com a máfia dos sanguessugas, que estariam contidas no dossiê Vedoin. Disse, no entanto, conhecer os métodos de ação do governador eleito de São Paulo, que foi ministro da Saúde. 'Isto é um encontro de mafiosos da política provinciana de São Paulo', definiu o deputado.

'DEIXE ELE LÁ'

Serra ironizou a declaração de Ciro. 'Me poupe de comentar o Ciro. Ele está lá no Ceará, deixe ele lá. Eu estou aqui', afirmou.

Serra fez as declarações na sede do Instituto Fernando Henrique Cardoso, ao lado do ex-presidente da República que, por sua vez, limitou-se a rir das acusações de Ciro Gomes.

Questionado sobre a estratégia da nova coordenadora em São Paulo da campanha de reeleição do presidente Lula, a ex-prefeita Marta Suplicy, de subir o tom das críticas aos tucanos e comparar os governos Lula, Fernando Henrique e Geraldo Alckmin, Serra respondeu que a atitude não o surpreende. 'Surpreendente seria se o PT não tentasse fazer isso', afirmou. 'Eu sugeriria começar pela Saúde. Não há problema.'

Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que essa discussão não é fundamental, pois o Brasil deve se preparar para o futuro. 'É preciso não fazer confusão. São momentos diferentes. Em cada momento da história, você tem que resolver certas questões, em contextos nacionais e internacionais diferentes. A comparação falseia. É só para atrapalhar', explicou.

'Agora, não há problema. Estamos dispostos a comparar o que quiserem.' Fernando Henrique disse ser muito fácil distorcer números. 'Acabei de ver na internet uma quantidade de números absolutamente fantasiosa para fazer comparação com a lua', brincou. 'Isso não tem importância. O povo não quer saber disso. Isso é briguinha interna', finalizou.