Título: Fipe já prevê inflação de apenas 1,6% para o ano
Autor: Francisco Carlos de Assis
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2006, Economia, p. B1

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) reduziu de 2% para 1,6% a previsão de inflação deste ano, reforçando os argumentos para um novo corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), nos dias 17 e 18 deste mês.

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, Paulo Picchetti, acredita que o quadro inflacionário atual deve levar o BC a esquecer a mensagem das duas últimas atas do Copom de que trataria a política monetária 'com maior parcimônia'.

Picchetti lembra que última ata não contemplou a inflação medida pelo IPCA-15 de setembro, de 0,05%, que deu 'um tombo' no mercado, que trabalhava com uma taxa em torno de 0,15%.

A redução de 0,4 ponto porcentual na previsão foi feita por Picchetti após o resultado de setembro, quando o IPC-Fipe subiu 0,25%, abaixo do índice da terceira prévia do mês (0,28%). De janeiro a setembro, a inflação acumula alta de 0,68%.

A nova previsão, porém, está condicionada à possibilidade de não existir aumento nos preços dos combustíveis até o fim do ano, diz Picchetti. Ele também considera, nessa estimativa, uma pequena probabilidade de o IPC-Fipe atingir, na média mensal do último trimestre deste ano, alta de 0,4%.

Para outubro, o economista faz uma previsão inicial de 0,2%. Nessa estimativa, ele considera o impacto de 0,11 ponto porcentual de aumento da tarifa de água e esgoto e um pequeno alívio, de 0,01 ponto, da redução na taxa de telefonia fixa. Com isso, as tarifas contribuirão com 0,1 ponto porcentual. A diferença virá da pressão dos alimentos e da saúde, por conta, especialmente, do reajuste dos planos de saúde.

Um dos fatores decisivos para o bom comportamento da inflação em setembro foi o impacto zero das tarifas públicas. A taxa de água e esgoto subiu 1,38% e deu uma contribuição de 0,03 ponto porcentual para a inflação mensal. Mas a telefonia fixa caiu 1,19% e deu um alívio de 0,03 ponto porcentual no índice, o que tornou nula a influência das tarifas na inflação do paulistano.

O grupo habitação fechou setembro estável (0,01%). O vestuário interrompeu a escalada de alta que perdurava desde a primeira quadrissemana de setembro. Outro grupo com parcela significativa na inflação de setembro foi o de transportes, com queda de 0,11%, ante alta de 0,15% em agosto. A queda decorreu da redução do preço do álcool nos postos, de 6,26%.