Título: Separada do marido, manicure sustenta 2 filhos há 14 anos
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2006, Economia, p. B4

A cabeleireira e manicure Edi Soares de Oliveira já cansou de pedir pensão para o pai de seus filhos, Wellington e Glaucia, de 18 e 16 anos, de quem está separada há 14 anos. ¿Não adiantou quando ele trabalhava e era mestre de obras. Agora que está desempregado e bebe demais, a situação se complicou. Por isso eu trabalho quase 12 horas por dia e sustento a casa.¿ No lugar onde vive, no Jardim Peri Alto, além dos filhos mora um sobrinho, ajudante de cozinha, que paga apenas a conta de água.

¿Todas a despesas são por minha conta. Meu filho procura emprego e meu sobrinho só consegue dar uma pequena ajuda.¿ A casa é própria, mas ela paga aluguel do salão de cabeleireiro que abriu com uma amiga no bairro do Limão. Divide também todos os gastos do salão, onde não existem funcionários.

¿Sou eu e minha amiga para atender e pagar as despesas¿, diz Edi. No total, ela ganha em torno de R$ 1,6 mil e diz que não sobra nada. ¿Como sustento meus filhos, casa e salão não dá nem para pagar um plano de saúde ou o INSS¿, lamenta.

Com um filho de 9 meses para criar, Solange Aparecida Chaves , 43 anos, teve de trazer a irmã mais velha de Monte Alto, interior de São Paulo, para cuidar do bebê enquanto ela trabalha como secretária numa empresa de eventos. ¿O que ganho é para pagar aluguel, alimentação, água, luz, telefone um plano de saúde e sustentar o bebê e minha irmã. Os gastos ficam em quase R$ 1,5 mil e sobra pouco no fim do mês¿, diz. O pai do menino paga apenas o plano de saúde do bebê.

¿Até os três meses eu levava meu filho no trabalho todos os dias, mas quando ele ficou maior tive de chamar minha irmã mais velha do interior¿, conta. Ela foi obrigada a sair de uma quitinete para um apartamento de um quarto perto do centro. ¿Só de aluguel são R$ 500 e com duas pessoas a mais para sustentar os gastos subiram bem.¿

Há quase 10 anos ela não tem registro em carteira. ¿Pago INSS como autônoma. É melhor porque os descontos que teria se fosse registrada encolheriam ainda mais minha renda.¿