Título: Infraero diz que 'não há indícios de sobreviventes'; FAB começa resgate
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/10/2006, Cidades, p. C1

Às 9 horas de ontem, exatas 16 horas após a queda do Boeing 737-800 da Gol, que fazia o vôo 1907, a Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou que havia localizado os destroços do avião. Uma hora depois de achar o local exato da maior tragédia da aviação civil brasileira, a Infraero também anunciava que 'não havia indícios de sobreviventes'. Em conversa com o Estado, o brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero, foi taxativo: 'Não há chance de haver sobreviventes.'

Parte do avião se desintegrou no ar e parte mergulhou em queda vertical que provoca grande impacto ao chegar ao solo. Foram essas informações que levaram a Infraero a duvidar da existência de sobreviventes. No final da tarde de ontem, outro brigadeiro, Antonio Gomes Leite, e o diretor-geral da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, reforçaram a improbabilidade de haver sobreviventes. 'Esperança sempre existe, mas é evidente que nesse tipo de acidente há muito poucas possibilidades de haver sobreviventes', disse Zuanazzi.

Os destroços do Boeing, que caiu às 17 horas de anteontem e transportava 149 passageiros e seis tripulantes, estão na reserva indígena Capoto Jarinã, no Alto Xingu. É uma região de mata densa e difícil acesso entre os municípios de Matupá e Peixoto de Azevedo, em Mato Grosso, divisa com o Pará.

Segundo as primeiras apurações da Infraero e da FAB, o avião da Gol foi mesmo derrubado pelo jato executivo Legacy, da Embraer, que seguia de São José dos Campos em direção a Manaus, devendo depois rumar para os EUA. O Legacy conseguiu pousar, com sete pessoas a bordo. 'Ninguém acredita que conseguimos sobreviver a uma colisão aérea', disse o repórter do jornal The New York Times Joe Sharkey, que estava a bordo do jato executivo.

Cem militares especializados em resgate chegaram ao local do acidente em cinco helicópteros e três aviões espiões R-99B. Numa autêntica operação de guerra, três dos helicópteros tentaram descer militares na selva com a ajuda de cordas, mas foi impossível. O jeito foi pousar numa clareira e caminhar por mais de quatro horas até os destroços.

Índios caiapós e panarás, das aldeias Capoto e Metrutiri, ajudam os militares no resgate. Cinco especialistas em segurança de vôo da Anac foram para a área, tentando descobrir por que dois aviões modernos voavam na mesma altitude e como seus instrumentos anticolisão não impediram o acidente. Apesar das avarias, o Legacy pousou no Campo de Provas Brigadeiro Velloso, no município de Cachimbo, sul do Pará. O jato havia saído às 14h15 de anteontem de São José dos Campos.