Título: Cerca de 40 milhões de pessoas estão ligadas ao Bolsa-Família
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/10/2006, Especial, p. H10

São 11,1 milhões de famílias, ou cerca de 40 milhões de pessoas que, nos últimos três anos, passaram a contar com uma renda entre R$ 50 e R$ 95 paga todos os meses pelo programa Bolsa-Família. A marca social do governo Lula custa aproximadamente R$ 8 bilhões por ano e é tachada de esmola ou assistencialismo pela oposição, mas pegou. Depois de um começo conturbado, cheio de denúncias e atropelos, o programa chega ao fim de 2006 consolidado como a maior bandeira do governo federal, garantia de votos entre a população mais pobre e até de apoio de prefeitos que viram a receita de seu município dobrar com o programa.

O apoio das famílias, traduzido muitas vezes em votos, não é à toa. Uma análise feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que entre 2001 e 2004 a queda na desigualdade econômica no País fez com que a população mais pobre tivesse a sensação de que o País cresceu cerca de 5% ao ano, quando, na verdade, esteve muito abaixo disso. O Ipea atribui a sensação justamente aos programas de transferência de renda, a partir de 2003 unificados no Bolsa-Família.

Juntando os programas, o governo elevou o valor repassado às famílias, mas também aumentou as exigências que elas têm de cumprir para receber os recursos. Em troca de R$ 50 mais R$ 15 por filho até 15 anos, precisam manter as crianças na escola e garantir a vacinação de menores de seis anos e o pré-natal das grávidas.

No fim do primeiro ano, o programa já atendia 3 milhões de famílias. Em julho deste ano, alcançou a meta traçada pelo governo de atender 11,1 milhões. Seriam, a princípio, todas as famílias abaixo da linha de pobreza existentes no Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apenas quatro municípios - todos no Rio Grande do Sul - não fazem parte do programa porque os prefeitos se recusam a participar.

É na região mais pobre do País, o Nordeste, que o Bolsa-Família tem o maior impacto. Todos os meses, o governo federal repassa R$ 358,2 milhões para a região. O dinheiro injetado por meio dos cartões entregues às famílias permitiu a muitas cidades reavivarem uma economia quase inexistente. Com isso, o programa terminou por ser considerado o acerto na política social de um governo que começou tropeçando e teve sua primeira idéia, o programa Fome Zero, dando em nada.

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