Título: Investigado vínculo entre Caracas e urnas eletrônicas
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2006, Internacional, p. A6

A Casa Branca está investigando a existência de vínculos entre o governo da Venezuela e a empresa Smartmatic, controladora da americana Sequoia Voting System. A Sequoia é responsável pela fabricação e operação das urnas eletrônicas que serão usadas em 17 Estados americanos nas eleições legislativas do dia 7. O temor é que a Smartmatic, propriedade de três venezuelanos, manipule a votação por ordem do governo do presidente Hugo Chávez.

Segundo o jornal americano Miami Herald, o Comitê sobre I nvestimentos Estrangeiros dos EUA abriu um inquérito para apurar como foi o processo de aquisição da Sequoia e qual a influência do governo de Caracas na Smartmatic.De acordo com a imprensa americana, a empresa dos venezuelanos teria se unido em 2004 a uma companhia de tecnologia, que recebeu US$ 200 mi l de uma agência estatal da Venezuela e na qual o governo de Chávez têm 28% de participação.

Em 2004, a Smartmatic foi contratada por Caracas para realizar o referendo no qual os eleitores da Venezuela decidiram não revogar o mandato de Chávez, como pedia um abaixo-assinado da oposição. A aquisição da Sequoia ocorreu no ano seguinte e só f oi possível por causa dos US$ 120 milhões recebidos nos contratos com Caracas.

Representantes das duas empresas negaram ontem as acusações sobre seus laços com Chávez. 'Nenhum governo ou entidade estrangeiros - incluindo a Venezuela - tem participação na Smartmatic', disse Antonio Mugica, principal executivo da empresa.

TECNOLOGIA À PROVA

Cerca de 90% dos 80 milhões de americanos que devem comparecer às sessões eleitorais em uma semana terão seus votos depositados ou tabulados em urnas eletrônicas. A porcentagem é recorde no país e está criando expectativas em relação à performance das novas tecnologias de votação e contagem dos votos.

Há quem diga não ser possível confiar em máquinas num país onde a diferença de votos entre candidatos dos dois principais partidos costuma ser estreitíssima. Outros argumentam que o processo de votação manual também está sujeito a erros e é ineficiente. Em 2000, problemas na contagem dos votos na Flórida, onde foram usadas cédulas de papel, paralisaram o país. Naquele ano, o resultado das eleições presidenciais só foi anunciado mais de um mês depois da votação.

No dia 7 os americanos vão às urnas para eleger 435 deputados, 33 dos 100 senadores e 36 governadores. Pesquisas recentes indic am uma vantagem para os democratas. O Partido Republicano, do presidente George W. Bush, inimigo de Chávez, perdeu votos por causa da percepção de que a guerra no Iraque se transformou num atoleiro.