Título: Irã oferece combustível nuclear 50% mais barato
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2006, Internacional, p. A8

O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, ofereceu ontem publicamente combustível nuclear '50% mais barato que o preço mundial', animando os países com tecnologia atômica a fechar suas fábricas para comprar combustível do Irã, informou a agência EFE, citando a agência oficial Irna, sem dar mais detalhes.

Num discurso em Pishva, subúrbio no sul de Teerã, Ahmadinejad fez duras críticas às 'grandes potências', principalmente à Inglaterra, por negar ao Irã o direito à energia nuclear pacífica quando elas mesmos têm a bomba atômica. O presidente foi interrompido por uma multidão que gritava 'Morte à Inglaterra', especialmente quando criticou a Grã-Bretanha por apresentar ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução pedindo sanções contra o Irã.

Ele qualificou a Grã-Bretanha de um 'seguidor da arrogância', acrescentando que o país 'simplesmente se tornou um guia para um Estados Unidos cego'. Ahmadinejad disse que o Irã dará uma resposta 'firme e apropriada' a qualquer sanção imposta pela ONU contra o país. 'Os esforços das grandes potências somente incitarão irritação e ódio', disse.

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - EUA, França, Grã-Bretanha, China e Rússia - continuavam ontem em Nova York estudando o projeto de resolução apresentado pela principais potências européias pela recusa de Teerã em suspender seu programa de enriquecimento de urânio até o prazo estipulado pela ONU - 31 de agosto.

A Rússia indicou que o projeto é muito fraco e não impedirá Teerã de obter tecnologia nuclear, enquanto que os EUA disseram que ele não era duro o suficiente. Com o Conselho dividido, Ahmadinejad manteve sua posição desafiadora, dizendo que o Irã prefere enfrentar as sanções a dobrar-se à pressão do Ocidente.

O discurso foi feito dois dias após o Irã confirmar que dobrou sua capacidade de enriquecimento de urânio. Segundo a agência semi-oficial Isna, o Irã injetou gás hexafluoreto de urânio em um segundo conjunto de 164 centrífugas na usina nuclear de Natanz. Em abril, Teerã já havia fabricado uma pequena quantidade de urânio pouco enriquecido usando seu primeiro conjunto de centrífugas em Natanz.

EUA, Austrália, Bahrein, Grã-Bretanha, França e Itália iniciaram ontem manobras militares no Golfo Pérsico. Eles simularão interceptação de navios com armas proibidas, em meio à ameaça de sanções proibindo a venda de mísseis e tecnologia nuclear ao Irã.

Shopping Estadão