Título: Emissão de CO2 cresce no planeta
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2006, Vida&, p. A11

Apesar dos esforços internacionais, as emissões de dióxido de carbono (CO2) que geram o efeito estufa aumentaram em 2004 e atingiram os maiores índices desde a década de 90.

Os países ricos somados tiveram uma queda de apenas 3,3% em média nas emissões nos últimos 15 anos. Porém, quando se leva em conta apenas o período entre 2000 e 2004, houve na realidade um aumento das emissões nessas economias, o que mostra a necessidade de medidas mais drásticas para lidar com aquecimento do planeta.

A primeira avaliação feita pelas Nações Unidas sobre as emissões após o Protocolo de Kyoto entrar em vigor traz resultados decepcionantes.

As emissões nos países ricos atingiram 19,9 bilhões de toneladas de CO2 em 2004, ante 17,5 bilhões em 2000. Em 1990, ano-referência para o protocolo, os gases lançados na atmosfera por indústrias, usinas e carros somavam 18,6 bilhões de toneladas.

Entre 35 países que adotaram as recomendações de Kyoto, a redução média das emissões foi de 15,3% em comparação aos níveis de 1990. Mas a queda ocorreu em grande parte graças à crise econômica que o Leste Europeu passou nos anos 90. A Rússia registrou uma redução de 32% nas emissões; a Hungria, de 31,8%; e a Polônia, de 31,2%. Excluindo esses países, a média dos países ricos teria subido 11% nas emissões. Com a volta do crescimento no Leste Europeu a partir de 2000, as emissões de CO2 subiram, o que anulou o suposto bom resultado dos países desenvolvidos.

O Protocolo de Kyoto prevê que os países ricos diminuam em média 5,2% de suas emissões de gases do efeito estufa entre 2008 e 2012, com base nos índices registrados em 1990.

'Os países desenvolvidos terão de implementar políticas mais eficientes para a redução do gás', afirmou Yvo de Boer, secretário executivo da ONU para mudanças climáticas. Só no setor de transporte, o aumento mundial das emissões de CO2 foi de 23,9% entre 1990 e 2004.

A Europa, o continente mais comprometido com o protocolo, diminuiu em média apenas 0,6%.

Alguns países conseguiram reduzir suas emissões de carbono, como Alemanha (-17,2%), Grã-Bretanha (-14,3%) e Lituânia (-60%). Outros não: na Espanha, o aumento foi de 49% entre 1990 e 2004; em Portugal, de 41%; e na Turquia, país que deseja tomar parte da União Européia, as emissões cresceram 72%.

A situação na América do Norte é pior. O Canadá, que emite 26,6% a mais, já anunciou que não terá como cumprir os termos do acordo. Nos Estados Unidos, que não participam do protocolo, o aumento foi de 15,8% desde 1990.