Título: Brasil tem de procurar outras fontes, diz agência
Autor: Leonardo Goy
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2006, Economia, p. B5

O Brasil precisa diversificar o mais rápido possível seu abastecimento de gás natural para não depender de decisões políticas que são tomadas na Bolívia e outros países da região. O alerta, da Agência Internacional de Energia (AIE), foi dado depois que o governo de Evo Morales fechou um acordo até 2036 com a Petrobrás. 'Ficamos surpresos com a notícia', confessou um dos analistas da entidade, o qual esperava maior resistência por parte das empresas que atuam no país andino.

Na avaliação da AIE, um dos pontos que mais favoreceram o entendimento foi a necessidade de que não haja uma interrupção no fornecimento de gás ao Brasil, pois o País precisará de muita energia nos próximos anos para retomar seu crescimento. Para a entidade, está na hora de o Brasil investir na produção nacional de gás e procurar outros fornecedores. Nos últimos dias, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, admitiu que o governo avalia a possibilidade de buscar alternativas para o abastecimento de gás.

Para a AIE, a Petrobrás pode estar esperando que um sinal positivo seja dado pelos bolivianos no preço que se negociará pelo gás, já que a empresa aceitou o aumento de impostos. O valor, segundo os analistas, poderia ser fundamental na tomada de decisões da companhia brasileira sobre suas operações na Bolívia nos próximos anos. O gás natural é hoje o recurso energético que mais cresce em termos de produção e consumo no mundo. A média do preço aumentou oito vezes nos principais mercados consumidores, como Europa e Estados Unidos, na última década.

A entidade ressalta o interesse dos bolivianos de fazer acordos com empresas estrangeiras, pois precisam de recursos externos. Segundo a AIE, a Bolívia não está nem entre os 20 maiores produtores mundiais e possui menos de 0,7% das reservas de gás no planeta, mas tem papel importante para abastecer o Brasil.

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