Título: Alckmin afirma que campanha do petista é uma 'mentira sem parar'
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2006, Nacional, p. A7

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse ontem que a campanha à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva é uma 'mentira sem parar'. A afirmação foi em resposta às declarações do presidente, de que num eventual governo do tucano empresas estatais serão vendidas.

Em visita de campanha a Belo Horizonte, Alckmin atribuiu ao 'desespero' de Lula a nova estratégia de sua campanha, que os tucanos estão chamando de terrorismo eleitoral. 'Isso é desespero, isso é mentira', enfatizou, referindo-se às declarações de Lula em entrevista à Rádio Bandeirantes.

'Eu não vou privatizar o Banco do Brasil, eu não vou privatizar a Petrobrás e a Caixa Econômica', insistiu, ao chegar para um ato com prefeitos e líderes políticos no Lapa Multishow. 'Infelizmente a campanha do Lula é essa mentira sem parar.'

Para o tucano, o governo federal está mais para um 'comitê eleitoral' do que para governo propriamente dito. Ele reclamou que os ministros engajados na campanha de Lula só sabem 'fazer boato'. 'Ministro é para trabalhar, é pago com dinheiro público e essa lambança ética é muito triste', criticou.

Ao lado do governador reeleito de Minas, o tucano Aécio Neves, e do ex-presidente Itamar Franco (sem partido), Alckmin acusou Lula de tolerância com atos ilícitos, ao comentar que o presidente disse que a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, foi uma 'grosseria'. A violação da conta de Nildo acabou levando à queda de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda.

'É impressionante a tolerância do presidente da República com atos ilícitos', criticou o tucano. 'O que foi feito contra o caseiro não foi grosseria, foi um crime de violação de sigilo bancário cometido pela Caixa e pelo Ministério da Fazenda.'

CAMINHADA

No seu discurso para cerca de 1,2 mil pessoas, na estimativa da Polícia Militar, Alckmin foi mais ameno. Disse que estava, a partir de Minas, iniciando uma 'grande caminhada cívica'. 'Uma caminhada que não é contra ninguém. Nós não somos contra pessoas. Nós somos a favor do Brasil', afirmou. 'E o Brasil não pode perder tempo, não pode continuar perdendo oportunidades.'

Ele repetiu que o PT já teve sua chance e deve sair. 'O PT já teve sua chance. Agora é time novo para trabalhar pelo Brasil.' O tucano prometeu aos cerca de 300 prefeitos presentes que, se eleito, descentralizará recursos para Estados e municípios e aumentará o repasse do Fundo de Participação dos Municípios em 1%.

Alckmin mostrou otimismo com a campanha e exortou a platéia a arregimentar apoios. 'Temos até a eleição 19 dias, é muito tempo, é tempo de convencimento', afirmou o tucano.

Mas a principal manifestação do público ocorreu quando Alckmin disse que o País não pode 'ficar parado mais 4 anos', esperando 2010. 'Claro que nós queremos 2010', completou, sob aplausos e gritos da platéia.