Título: Ele não entende de economia, ataca ex-diretor do BC
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2006, Nacional, p. A9

O economista Yoshiaki Nakano, ex-secretário da Fazenda de São Paulo e um dos principais formuladores econômicos do candidato à Presidência Geraldo Alckmin, foi duramente criticado ontem por Alexandre Schwartsman, economista-chefe do ABN Amro na América Latina. Ex-diretor do Banco Central durante o governo Lula, disse que 'Nakano não entende nada de economia', criticando a idéia do ex-secretário de usar a política monetária para equilibrar o balanço de pagamentos. E, num relatório do ABN Amro, Schwartsman buscou desmontar a idéia de Nakano de um grande choque de gestão para reduzir a despesa pública em 3% do PIB.

Mais tarde, Nakano, em entrevista ao Estado, reagiu às declarações de Schwartsman: 'Ele é um destes economistas que, quando saem do livrinho-texto, não sabem de nada.'

Segundo o economista-chefe do ABN Amro, o exemplo paulista da administração tucana desde 1995, no qual é baseada a proposta de Nakano, é uma demonstração clara de que não é possível resolver o problema fiscal brasileiro com um choque de gestão. Schwartsman analisou as contas de São Paulo de 1997 até junho de 2006 e concluiu que, em relação ao PIB estadual, os gastos primários e correntes cresceram, os investimentos permaneceram praticamente estáveis e a arrecadação subiu. 'O ajuste fiscal de São Paulo, como o do governo federal, foi realizado na base de aumento da arrecadação', escreveu Schwartsman no relatório.

Nakano defende-se dizendo que o governo de Mário Covas reduziu o déficit orçamentário de 27% para 2,8% no seu primeiro ano, em 1995, e depois teve superávits fiscais. Segundo o ex-secretário, de fato os gastos em São Paulo aumentaram muito nas áreas de segurança e saúde. Sem a economia do choque de gestão, ele raciocina, teria havido piora fiscal no período.

Schwartsman trabalhou com dados a partir de 1997, mas, pelo aumento geral dos gastos estaduais e municipais no Brasil entre 1994 e 1997, deduziu que seria pouco provável que São Paulo, o Estado de maior peso na Federação, tivesse reduzido despesas enquanto a tendência era de aumento.

De acordo com os dados apresentados por Schwartsman, a receita corrente de São Paulo cresceu de 11,6% do PIB estadual, em 1997, para 13,4% em 2006, com a arrecadação de impostos e contribuições subindo de 9,7% para 10,9%. Este crescimento, de 1,2 ponto porcentual do PIB estadual, foi igual ao das despesas correntes, excluindo salários, que saíram de 4,6% do PIB estadual para 5,8% no mesmo período. Os investimentos ficaram praticamente estáveis, registrando 0,6% em 1997 e 0,7% em 2006, assim como a folha do funcionalismo, que saiu de 5,8% para 5,9%.

Para Schwartsman, as contas paulistas no período tucano levam a duas hipóteses sobre o 'choque de gestão': a de que não tenha ocorrido ou de que não tenha tido efeito perceptível.