Título: Na TV, tucano e petista preparam programas com munição pesada
Autor: Ana Paula Scinocca, Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2006, Nacional, p. A13

A propaganda de TV dos candidatos a presidente voltará a ser exibida amanhã em versão mais apimentada do que no primeiro turno. Tanto os responsáveis pelo programa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto os que cuidam do de Geraldo Alckmin (PSDB) preparam ataques contundentes contra o adversário, numa repetição do que se viu no domingo, no debate inaugural do segundo turno.

O marqueteiro João Santana, que coordena a publicidade de Lula, decidiu reforçar o tom ofensivo, explorando as 'contradições' entre o discurso e a prática do tucano. A equipe do PT garante, porém, que a ênfase principal será na apresentação de projetos para o País. Na tentativa de mostrar o presidente como um estadista, os novos apoios a sua reeleição serão exibidos em clima festivo. 'O presidente não entrará na baixaria, mas também não deixará acusações sem resposta', afirmou Jaques Wagner (PT), governador eleito da Bahia e um dos coordenadores da campanha de Lula.

DESCONSTRUÇÃO

O comitê petista planeja mostrar que Alckmin fala uma coisa e faz outra. Mas não será Lula o porta-voz dos argumentos de 'desconstrução' - tarefa que ficará a cargo dos apresentadores do programa. A depender do desenrolar da campanha, será ressaltado que a insegurança em São Paulo aumentou no governo Alckmin, com ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC).

A propaganda vai insistir que Alckmin mandou engavetar 69 pedidos de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) para 'esconder' a corrupção. Além disso, as comparações da gestão Lula com a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltarão à cena. Os petistas baterão na tecla do apagão e das privatizações, para tentar carimbar a candidatura Alckmin como um retrocesso. 'Quem pensa que o Lula será só o Lulinha paz e amor está muito enganado', resumiu Jilmar Tatto, deputado federal eleito e terceiro vice-presidente do PT.

No PSDB, a promessa também é de que Alckmin continuará apresentando propostas, mas não deixará de apontar os escândalos de corrupção que marcaram a gestão de Lula. Na linha 'repórter por um dia', Alckmin vai fazer o papel de jornalista e apresentar, ele próprio, obras paradas do governo petista. Cenas externas já foram gravadas em Minas e na Bahia.

DINHEIRO

Responsável pelos programas do PSDB, o marqueteiro Luiz Gonzalez deverá exibir na TV imagens do R$ 1,75 milhão que petistas pretendiam usar para comprar o dossiê Vedoin. No primeiro turno, fotos do dinheiro apreendido se tornaram públicas após o fim do horário eleitoral. Também deverão ser apresentados cenas dos momentos do debate de domingo em que Alckmin foi firme ao cobrar de Lula esclarecimentos sobre escândalos.

Além de explorar as denúncias contra o governo petista, os tucanos também estão dispostos a gastar parte de seu tempo na TV para negar 'a boataria' de que Alckmin, se eleito, vai privatizar estatais como os Correios e a Petrobrás e acabar com o programa Bolsa-Família, carro-chefe da campanha de Lula à reeleição.