Título: Estatais levam as duas únicas usinas leiloadas
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2006, Economia, p. B1

As estatais federais e estaduais foram as que mais comemoraram o resultado do terceiro leilão de energia nova realizado ontem. As duas únicas hidrelétricas concedidas foram para mãos de empresas do governo. No caso de Mauá, no Paraná, os vencedores foram a Copel, do governo do Estado, e a Eletrosul, controlada pela Eletrobrás. Na usina de Dardanelos, em Mato Grosso, as estatais federais Chesf e Eletronorte ficaram com 49%.

O presidente da Eletrobrás, Aloisio Vasconcelos, disse que o resultado 'reforça a posição de liderança da empresa no setor elétrico brasileiro'. O diretor-financeiro da estatal e presidente da subsidiária Eletrosul, José Drummond Saraiva, comemorou o retorno da empresa aos projetos de geração. No processo de privatização, a Eletrosul vendeu as suas usinas, passando a atuar só no segmento de transmissão, mas a atual administração da empresa vinha tentando o retorno à geração.

A empresa do governo do Estado do Paraná, Copel, sócia da Eletrosul na Usina de Mauá, estima que os investimentos na construção dessa usina devem ficar em R$ 950 milhões. A usina será construída no Rio Tibagi, entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira.

Segundo a empresa, serão 361 MW de potência instalada. 'Cerca de R$ 160 milhões irão para programas sociais e ambientais', informa a empresa. A previsão do início de operação é a partir de janeiro de 2011.

'Vai ser um bom negócio para as duas empresas', disse o presidente da Copel, Rubens Ghilardi. 'A energia produzida será vendida para o sistema em contratos já fechados com duração de 15 anos.' Ao lado da Copel, outras empresas vão participar da construção da hidrelétrica: a Construtora J. Malucelli, como empreiteira das obras civis, e a Intertechne, como encarregada dos estudos e projetos. A fornecedora das turbinas, geradores e demais equipamentos eletromecânicos será a GE Hydro.

Entre as empresas privadas, o Grupo Suez optou por vender apenas a energia da Hidrelétrica São Salvador. O volume produzido por Estreito (1.087 MW), no Tocantins, não foi comercializada. Por isso, segundo a empresa, ela passará a ser a prioridade a partir de agora.

Essa usina estava inscrita no leilão, mas o grupo considerou que o projeto 'ainda não estava pronto', ao contrário de São Salvador, que já tinha as licenças prévia e de instalação dos órgãos ambientais. No caso de Estreito, a usina só tem a licença prévia.

'A legislação permite que os projetos só com licença prévia participem do leilão, mas achamos mais prudente só iniciar esse projeto com a instalação, que permitirá mensurar melhor os os recursos necessários para a conclusão do empreendimento e é mais fácil negociar financiamentos', disse o presidente do Grupo Suez no Brasil, Maurício B¿hr. 'É um empreendimento muito grande', complementou, lembrando que São Salvador terá potência de 241 MW e exigirá investimento de R$ 800 milhões, enquanto Estreito tem potência de 1.087 MW.

B¿hr pretende concluir o licenciamento de Estreito nos próximos meses, o que permitirá que o projeto seja ofertado no leilão de energia nova de 2007. O grupo defende também preços mais elevados para a energia nova.

O grupo disputou a usina de Dardanelos (MT), ofertada ontem, mas perdeu para o consórcio integrado pelos grupos Neoenergia e Eletrobrás. B¿hr disse que busca um projeto de médio porte para investir. 'Queremos continuar investindo em hidrelétricas no Brasil', disse Bähr.