Título: Segundo governo Lula vai acabar antes de começar, ataca Alckmin
Autor: Cida Fontes, Fábio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2006, NacionaL, p. A4

Em situação desfavorável nas pesquisas eleitorais, o tucano Geraldo Alckmin disse ontem que, se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva for reeleito, o governo 'acaba antes de começar'. O motivo para isso, segundo o candidato do PSDB à Presidência: 'Já começa a discutir 2010 no dia seguinte'.

Para Alckmin, um eventual segundo mandato de Lula significaria o País perder mais quatro anos. 'Para que perder quatro anos?', perguntou, durante sabatina na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Lula não compareceu ao debate e recebeu críticas do presidente da entidade, Roberto Busato. 'Estranhamos e lamentamos a decisão do presidente Lula, que foi um amigo desta casa, que lhe deu guarida e abrigo quando ele foi perseguido', disse.

Ao destacar os riscos da reeleição de Lula, Alckmin se baseou em sua própria experiência à frente do governo paulista. 'Já fui reeleito, releição é um pouquinho mais ou menos do mesmo. Se Lula fosse reeleito, com todo respeito, acaba antes de começar. No dia seguinte já está todo mundo: 'Vamos pensar no futuro'', prosseguiu, fazendo um longo e crítico diagnóstico da situação do governo.

Na ausência de Lula, que avisou há três dias que não participaria do debate, Alckmin aproveitou para bater no governo e no PT, atacando sobretudo o que vem chamando de 'petização' do ministério e das estatais. 'O que se sabe, pela imprensa, é só a ponta do iceberg. É inacreditável a privatização que foi feita do aparelho do Estado pelo PT e aliados. Uma coisa triste', disse Alckmin. ' O Brasil regrediu, do ponto de vista de gestão pública e do bem comum. Eu não vou permitir a partidarização, pois as instituições são do Brasil, não do PT'.

O tucano engrossou o coro de Roberto Busato que adverte sobre os riscos do clima de polarização entre ricos e pobres, um discurso que vem sendo feito por Lula na campanha. 'O governo não pode estimular uma divisão do Brasil. Lula está dividindo o Brasil e este não é o caminho', alertou Alckmin. Para o tucano, 'o presidente Lula foi muito injusto quando criticou São Paulo que o acolheu'. Nós temos que ver a visão do País todo. Temos que unir o Brasil'.

FORA DE FOCO

Ao rebater o que chamou de 'mentiras e boatos' espalhados por petistas, Alckmin disse que Lula insiste em lhe atribuir vontade de privatizar estatais para, assim, tentar 'tirar o foco da corrupção no governo'. O candidato foi além: 'Estão querendo distrair um pouco aí com coisas que são mentirosas. De onde tiram que vou privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobrás? O que vou fazer é despetizar, pois houve uma privatização do aparelho do Estado por um partido político, baseado em um projeto de poder'.

De novo, Alckmin cobrou a origem do dinheiro apreendido com petistas e destinado a pagar dossiê contra tucanos. 'Eles (governo e PT) estão esperando passar as eleições'.