Título: Barcos se chocam na Guanabara
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2006, Cidades, p. C1

Uma pequena embarcação naufragou na noite de anteontem na Baía de Guanabara, no Rio, depois de colidir com um navio cargueiro. Dos 12 tripulantes da traineira de 15 metros de comprimento, quatro foram resgatados com vida e oito desapareceram com a embarcação. A Marinha localizou o barco no fundo da baía às 10 horas de ontem. Até 0h45 de hoje, seis corpos haviam sido resgatados e os de outros desaparecidos tinham sido vistos no interior do barco, a 37 metros de profundidade. O resgate seguiu durante a noite, quando já havia sido identificado o corpo do mergulhador Panaiote de Oliveira Nitrogianis, de 37 anos.

Segundo o 1º Distrito Naval da Marinha, o navio mercante Roko, de bandeira das Bahamas, atingiu às 23h25 o Costa Azul, um pesqueiro adaptado para embarcação de mergulho da Tecsub Engenharia Subaquática, de Santos (SP). Nove mergulhadores da empresa, que trabalha na obra do emissário submarino do sistema de saneamento da Barra da Tijuca, dividiam o barco com o mestre e dois marinheiros. Quatro mergulhadores conversavam na parte de trás da embarcação e pularam no mar. Os outros, segundo os sobreviventes, dormiam dentro do barco, que foi atingido na lateral pelo bico do cargueiro e virou.

O cargueiro é um frigorífico de 180 metros. O navio seguia de Itajaí (SC) para a Ucrânia e entrou na Baía de Guanabara para abastecer. Já o pesqueiro seguia do Caju, zona portuária do Rio, para Niterói, onde ficaria atracado até o amanhecer.

O comandante da Capitania dos Portos do Rio, capitão-de-mar-e-guerra Antônio Monteiro Dias, informou que a colisão se deu entre a proa (parte anterior do navio) e o lado esquerdo da traineira. Em tese, seria incompatível com a rota das embarcações, a não ser que o barco tivesse tentado manobrar para evitar a colisão.

Segundo ele, o barco levou de três a quatro minutos para afundar e, pelo impacto, a velocidade do navio pode ser estimada em 20 km/h. ¿Pelo menos 70% dos acidentes no mar são causados por falha humana¿, disse.

Os sobreviventes foram atendidos no Hospital Central da Marinha. Eduardo da Silva Pinto, Tiago Batista Barros, Eliezer Chaves Oliveira e André Luiz Lorenzeti depuseram na Capitania dos Portos, além do comandante do cargueiro, Vladmirs Gruserviskis, e seu imediato. Hoje, depõe o prático que auxiliava o comandante. O inquérito tem prazo de 90 dias para ser concluído.

A filha do mergulhador Esmeraldo José Moreira, um dos desaparecidos, Helenubia Sousa Moreira, disse que soube do acidente pela TV e que a Tecsub não entrou em contato com a sua família no Guarujá, na Baixada Santista. A Tecsub divulgou em nota que está tomando as providências ao seu alcance para amparar as famílias dos funcionários.