Título: O debate é notícia no mundo
Autor: Ana Paula Scinocca, Vanice Cioccari
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2006, Nacional, p. A6

O jornal americano The New York Times destaca que o tucano Geraldo Alckmin 'acusou o presidente Lula de ser mentiroso por tentar esconder uma série de casos de corrupção de altos dirigentes do Partido dos Trabalhadores nos últimos dois anos'. Em seguida, lembra a defesa de Lula, segundo a qual, 'ao contrário de outros governos, o seu não varre a corrupção para debaixo do tapete, mas manda investigá-la'. O jornal comenta que ele 'partiu para o ataque, criticando o fracasso de Alckmin, que não desmantelou as gangues criminosas de São Paulo'. E prossegue: 'Lula disse que seus programas sociais tiraram milhões de pessoas da pobreza. O povo está comendo mais.'

No Clarín, de Buenos Aires, a correspondente Eliana Gosman escreve: 'Foi um embate duríssimo, em que o presidente e seu adversário não deixaram nada de fora. Puseram tudo a nu, com empresas e figuras ligadas ao poder expostas à condenação pública pelas denúncias de seus ilícitos - feitas por um e outro candidato.' Segundo o jornal, 'o presidente contra-atacou com dados da história do próprio Alckmin, que - segundo Lula - encobriu 69 casos de denúncia contra ele, por corrupção. O ex-governador deu um tom de agressividade pouco freqüente na sociedade brasileira, ao colocar-se no limite do respeito à investidura presidencial. Chamou Lula de mentiroso várias vezes...'

Com o título 'Alckmin põe Lula contra as cordas', o diário espanhol El País cita comentaristas brasileiros segundo os quais 'Alckmin ganhou de modo contundente e agressivo o primeiro debate contra o presidente Lula, a quem pôs várias vezes contra as cordas em um debate que durou duas horas e 15 minutos.' Diz que os dois discutiram 'sobre corrupção, eficiência administrativa e política externa'. Mencionando a grande expectativa pelo confronto, El País comenta que o Brasil 'se preparava para assistir a uma verdadeira luta de boxe, sem problemas de tempo e com liberdade de perguntas e provocações.' E avalia que a grande surpresa foi mesmo a atitude mais dura de Alckmin.

O Financial Times, de Londres, segue o mesmo tom dos demais: 'A batalha pela Presidência do Brasil assumiu um tom mais agressivo'. Lula 'foi posto na defensiva por um surpreendentemente duro questionamento' de Alckmin. O diário londrino destaca que o debate 'foi muito esperado', porque Lula 'declinou de participar' dos anteriores. 'Mas o tom agressivo e a performance incisiva (de Alckmin) estava fora do seu figurino como um tecnocrata insípido'. Lula, prossegue o FT, estava visivelmente irritado durante boa parte do debate. 'O presidente não esperava que Alckmin se comportasse daquele modo. Ninguém esperava. Lula estava completamente desorientado.'