Título: Na área de educação, muitas imprecisões
Autor: Sérgio Gobetti, Leonardo Goy
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2006, Nacional, p. A10

No tema educação, Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva também apresentaram números equivocados durante o debate. O tucano garantiu que não existem mais escolas de lata no Estado. Mas há dezenas de salas de aula provisórias no Estado, chamadas de padrão Nakamura - 76 delas foram deixadas pelo tucano quando saiu do governo - e não há previsão de quando a rede poderá zerar esse número.

As chamadas escolas de lata eram contêineres de metal adaptados como salas de aula na gestão do ex-prefeito Celso Pitta. Foram montadas ao lado das construções de alvenaria. Começaram a ser desativadas na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT). No fim do mês passado, pouco antes do primeiro turno, o prefeito Gilberto Kassab (PFL) anunciou o fim das últimas escolas desse tipo.

Ainda de acordo com Alckmin, São Paulo foi o 8º colocado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), porque o exame do ensino médio tem caráter opcional - só faz quem quer. A mesma regra vale para todos os Estados, que ainda assim conseguiram colocação melhor que a de São Paulo.

O Enem foi criado pelo Ministério da Educação para avaliar o desempenho dos alunos no País. A participação na prova é voluntária, mas a cada ano aumenta o número de inscritos. Em centenas de universidades, inclusive o vestibular mais disputado do País, o da Universidade de São Paulo (USP), os resultados do Enem somam pontos na classificação final. No último exame, participaram em São Paulo cerca de 1,3 milhão de estudantes.

UNIVERSIDADES

O presidente Lula afirmou no debate que foram criadas vagas e novas unidades no Estado de São Paulo e em outros Estados. Algumas novas universidades iniciaram aulas, mas não saíram do papel, como a Universidade Federal do ABC (UFABC), que funciona em prédio emprestado.

A expansão dos campi e vagas nas universidades federais, uma das bandeiras utilizadas pelo presidente Lula no debate e em palanques durante a campanha, ganhou fôlego no último ano de seu mandato. A UFABC, em Santo André, foi sancionada pelo presidente em julho de 2005 e previa o início das aulas para o primeiro semestre de 2006. As aulas, no entanto, só foram iniciadas no dia 20 de setembro, onze dias antes da eleição.

A exemplo do novo campi da Unifesp em Santos e da nova unidade da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) em Sorocaba, a UFABC deu início a suas atividades em prédios provisórios cedidos pelas prefeituras dessas cidades. No terreno cedido pela prefeitura de Santo André para a construção do campus da UFABC hoje funciona como garagem municipal. Ao todo a UFABC ofereceu 500 vagas, que devem saltar para 1.500 em maio e chegar a 23,5 mil quando estiver em pleno funcionamento.

A nova unidade da UFSCAR está com 180 alunos desde março e oferecerá outras 240 vagas para o ano que vem. Acredita que em meados do ano que vem as obras do novo campus já estejam concluídas.

Além de 200 novas vagas em Santos, que conta hoje com 190 alunos, a Unifesp vai oferecer 200 vagas para uma nova unidade em Diadema, 400 em Guarulhos e 50 em São José dos Campus. A direção da Unifesp prevê que em Guarulhos as aulas já serão ministradas no campus definitivo, em fevereiro. Em Santos e Diadema os campus devem ser entregues em 2008 - prazo definido nas licitações.