Título: Bancários em greve esperam nova proposta
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2006, Economia, p. B5

O Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) conseguiram marcar para hoje, às 9 horas, uma nova rodada de negociação em São Paulo. A confirmação da reunião só veio por volta das 21 horas de ontem, depois de frustrada uma primeira tentativa. Até aquele horário, uma fonte sindical havia informado à reportagem do Estado que a Fenaban chegou a fazer a reserva de sala num hotel da capital para o encontro com o comando de greve mas no fim do dia, porém, a reserva tinha sido cancelada.

Com a confirmação da reunião, os bancários aguardam agora uma nova proposta da Fenaban, com algum índice de aumento real e melhorias na fórmula para cálculo na parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). O Comando Nacional tenta melhorar a oferta da Fenaban. A última proposta prevê repasse da inflação de 2,85%, mais PLR de R$ 823, além de um adicional de R$ 750 em bancos com crescimento do lucro líquido superior a 20% no último exercício.

Além de ter novo encontro com a Fenaban, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) espera ampliar o número de adesões ao movimento. Vagner Freitas, da Contraf, disse que os sindicatos não encaminharão o fim da greve sem aumento real e melhoria da PLR.

Mesmo fraca, a greve continua. Apesar dos piquetes, pelo menos em São Paulo a paralisação foi menor do que na sexta-feira. O Sindicato dos Bancários de São Paulo e Região divulgou balanço no início da noite de ontem no qual contabilizou o fechamento de 494 agências e centros administrativos e a adesão de 36 bancários no entorno de São Paulo. Na Grande São Paulo, existem 3 mil locais de trabalho (entre agências e centros administrativos) e 106 mil trabalhadores.

A Contraf, que representa 400 mil bancários em todo o Brasil, informou que, no quinto dia de mobilização, a paralisação se manteve estável, com 185 mil adesões, mesmo número de sexta-feira.

Apesar de ter obtido na sexta-feira uma liminar que reconheceu o direito de greve, os bancos voltaram ontem a recorrer ao interdito proibitório para reabrir unidades fechadas pelos grevistas. O dispositivo é um instrumento previsto no Código Civil usado com freqüência para a reintegração de posse.

O advogado da categoria bancária, Arnaldo Leonel, afirmou ontem que o sindicato pode apresentar queixa à Justiça do Trabalho por descumprimento da liminar que assegura o direito de greve. 'A greve não é tema de natureza possessória, é tema de natureza trabalhista. A Justiça do Trabalho disse que o interdito não pode afetar o direito de greve.' A decisão do Judiciário trabalhista prevê multa de R$ 20 mil por dia se descumprida a liberdade de mobilização nas agências.