Título: Saída na Bolívia pode ser produção compartilhada
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2006, Economia, p. B7

O presidente da Petrobrás Bolívia, José Fernando de Freitas, disse ontem que as negociações com o governo boliviano sobre novos contratos de concessão vão bem, mas há ainda 'um longo caminho' pela frente. Ao lado do gerente-executivo da estatal para o Cone Sul, Décio Odone, Freitas se reuniu ontem com o ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, e a direção da estatal local YPFB.

A reunião, segundo Villegas, tratou de questões técnicas a respeito dos novos contratos. 'Estamos discutindo e analisando os principais termos', afirmou, sem dar maiores detalhes. Freitas também se eximiu de maiores comentários.

Segundo informações extra-oficiais, a comitiva da estatal brasileira também se encontraria com o vice-presidente, Álvaro García Linera, o que não foi confirmado até o início da noite de ontem.

Villegas afirmou que os governos brasileiro e boliviano esperam apenas o sinal verde dos grupos técnicos para remarcar a reunião ministerial que estava prevista para ontem, mas foi adiada na semana passada.

'Os grupos técnicos ainda não terminaram o trabalho, mas, assim que terminarem, vamos marcar nova data para a reunião com o ministro Silas (Rondeau, de Minas e Energia', disse o ministro. A idéia é que o encontro dos dois ministros só ocorra depois que Petrobrás e o governo boliviano chegarem a um consenso.

Os contratos devem ser assinados até o dia 28 e, segundo o governo boliviano, as conversas com as petroleiras que operam no País já estão em sua fase final. Ontem, Villegas se reuniu com a Petrobrás, a francesa Total e a britânica BG.

'À medida que o processo de negociações se acelera, vamos precisar marcas mais reuniões por dia', afirmou Villegas. As empresas não ficaram satisfeitas com os termos propostos pelo governo, que as transforma em prestadoras de serviços para a YPFB, sem direito a gestão sobre os campos de petróleo.

Segundo um executivo de multinacional com operações na Bolívia, as companhias estão tentando sair da modalidade de prestação de serviços para a de produção compartilhada, segundo a qual seriam sócias da estatal local. Os dois modelos estão previstos na Lei de Hidrocarbonetos de abril de 2005, que regula a nacionalização do setor.

Com contratos de produção compartilhada, explica a fonte, os concessionários teriam direito a parte da produção dos campos. No modelo proposto, toda a produção deve ser entregue à YPFB, que remunera as empresas pela operação dos poços.

O Ministério dos Hidrocarbonetos espera receber amanhã os resultados preliminares das auditorias feitas nos campos de petróleo concedidos à companhias privadas no país, que vão balizar as conversas sobre remuneração e investimentos em cada projeto. Segundo Villegas, os números serão apresentados e discutidos com cada empresa a partir de quarta-feira.