Título: Comunidade religiosa tem hábitos simples e austeros
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2006, Internacional, p. A4

Quando se fala em amishes, a lembrança de muitos é o filme A Testemunha (de 1985, dirigido por Peter Weir), com Harrison Ford, em que o investigador vivido por Ford protege uma jovem amish e seu filho, ameaçados por terem testemunhado um crime. A comunidade mostrada no filme é classificada como ¿old order¿, tradicional - semelhante à que sofreu com o ataque de ontem, na Pensilvânia.

Os amishes - em geral agricultores e artesãos - são um movimento fundamentalista, protestante e pacifista. Há cerca de 200 mil deles nos EUA, sobretudo no leste da Pensilvânia, norte de Ohio e norte de Indiana.

Eles são famosos pelo hábitos simples e austeros - não usam, por exemplo, telefones, computadores, televisão e automóveis - ,principalmente os tradicionais. ¿Os amishes não vivem afastados do resto da sociedade e geralmente têm vizinhos não-amish. São separados étnica, social e culturalmente, mas não fisicamente¿, explicou por telefone ao Estado o professor Steven M. Nolt, autor de vários livros sobre o grupo, entre eles A History of the Amish (Uma História dos Amishes).

Os amishes respeitam o Ordnung - código de conduta centrado em valores evangélicos e que fixa as práticas proibidas e permitidas. Em geral, os homens usam roupas pretas e chapéus. As mulheres vestem roupas usadas na Europa do século 17 - vestido longo, avental e pano na cabeça.

Descentralizados, os amishes são dissidentes de uma comunidade protestante menonita - movimento surgido na Suíça, no século XVI. Jakob Amman, considerando que os menonitas se afastavam de seus princípios fundadores, criou o movimento em 1692. Os amishes imigraram sobretudo para os EUA - e em menor número para o Canadá - durante a Revolução Francesa (1789-99).

A maioria deles é trilíngüe. Falam um dialeto do alemão em casa, o alemão em atos religiosos e aprendem o inglês na escola. Eles não aceitam ajuda governamental e nem integram o Exército.

O incidente de ontem é um fato sem precedente entre os amishes, disse Nolt. ¿Não há, na história da comunidade, um caso como esse. O que há é, de tempos em tempos, problemas individuais de agressão ou algo do tipo, mas nada nessa escala.¿

A visão desse grupo, na sociedade americana em geral, é positiva, segundo Nolt. Eles representariam um tempo antigo, resquício de uma era não afetada pela modernidade e industrialização. ¿Há algum grau de preconceito, mas, em geral, os não-amish vêem positivamente esse grupo.¿