Título: Eleição é notícia no mundo
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2006, Especial, p. H3

A notícia do segundo turno na eleição presidencial correu ontem os principais jornais e sites de informação do mundo, da Argentina à China, passando pelos principais centros financeiros. Nos veículos, de modo unânime, a notícia da margem apertada de votos veio acompanhada de uma explicação: a pancada dos seguidos escândalos - e do dossiê Vedoin - na popularidade de Lula levou à sangria que provocou a realização de segundo turno com o candidato Geraldo Alckmin.

O jornal americano The New York Times registra uma votação 'em clima sombrio', num país abalado por um grave acidente aéreo. E explica que Lula ganhou no segundo turno há quatro anos, mas a administração petista ficou marcada por 'um escândalo após o outro'. O diário destaca o crescimento de Alckmin, que 'terminou em primeiro nos mais industrializados, modernos e prósperos Estados do Sul'. A capa do diário The Miami Herald tem fotos de Lula e Alckmin. The Washingnton Post e Wall Street Journal deram destaque à eleição.

Na Espanha, o jornal El País informou que Lula 'ficou muito próximo' de ser reeleito para um segundo mandato. Já o diário financeiro Expansion destacou o 'entusiasmo' de Alckmin e informou que Lula, 'cuja candidatura sofreu as conseqüências dos escândalos de corrupção', ainda não havia feito uma avaliação dos resultados que complicaram seu projeto de reeleição. O Le Monde, da França, abordou as dificuldades para o PT se manter no Planalto.

O britânico Guardian frisou que Lula 'foi forçado a enfrentar um segundo turno após uma série de escândalos de corrupção e éticos que fizeram muitos eleitores se voltarem contra ele'. E prossegue com a avaliação de que as denúncias terminaram como 'um tremendo revés para o presidente, que vinha sendo fortalecido por uma economia estável e sucessos em reduzir a pobreza'.O Guardian registrou a indefinição em primeiro turno e citou declaração do presidente Lula publicada ontem pelo Estado. 'Estou com a alma machucada', disse presidente, em reunião com a coordenação política de governo - declaração que foi traduzida para os britânicos. 'Antes do 'dossiêgate', o senhor Alckmin era um outsider. Muitos acreditavam que ele só estava disputando porque rivais mais bem posicionados consideravam Lula muito popular para ser derrotado e preferiram esperar 2010.'

Também do Reino Unido, o site do Financial Times estampou a foto de Alckmin ao lado da manchete e criou uma página para detalhar as eleições no Brasil e a briga do segundo turno. O diário financeiro observou que a popularidade de Lula permaneceu forte durante boa parte da campanha, apesar da 'série de escândalos'. E foi além, avaliando que 'o governo tem sido criticado por não ter produzido o espetáculo de crescimento prometido por Lula'.

'Brasil: ganhou Lula, mas haverá segundo turno', diz o título estampado no alto da capa do Clarín, como principal manchete. Todos os jornais argentinos publicaram relatos, opiniões e números sobre a sucessão no Brasil. Classificada como 'dramática eleição', o Clarín tratou de explicar como o favorito a ganhar a eleição em primeiro turno deixou escapar a vitória no domingo, em quatro páginas de reportagens.

O La Nación também estampou em sua capa a principal manchete dessa edição: 'Ganhou Lula, mas não conseguiu evitar o segundo turno.' O jornal afirma que o resultado 'desperta um suspense enorme sobre uma definição que, depois da recuperação da oposição, torna-se imprevisível'. A 'precisão e rapidez' do sistema eletrônico de votação mereceram elogios.