Título: Candidato faz campanha em reduto petista
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2006, Nacional, p. A4

Junto de Serra, Alckmin foi ao bairro de Cidade Tiradentes, onde Lula venceu no 1.º turno

De olho na popularidade do colega José Serra (PSDB), governador eleito de São Paulo, para ampliar sua votação na capital, o presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, fez campanha ontem ao lado dele. Os tucanos escolheram para pedir votos um reduto petista, o bairro de Cidade Tiradentes, na zona leste.

A região foi uma das poucas em que Alckmin perdeu o primeiro turno para o presidente Lula na cidade - teve 30% dos votos válidos e Lula, 58%. Serra também não teve bom desempenho no bairro. Perdeu para o candidato do PT, senador Aloizio Mercadante, por 29% a 56%.

Serra e Alckmin fizeram caminhada de cerca de uma hora pelo comércio da região e distribuíram abraços e cumprimentos aos eleitores.

O candidato afirmou que não se sentia constrangido de fazer campanha com Serra um dia depois de ter sugerido, em comício em Belo Horizonte, o nome do governador reeleito de Minas, Aécio Neves, para a eleição presidencial de 2010. Serra também é um dos cotados para ser candidato do PSDB na próxima disputa pelo Planalto. Primeiro, Alckmin desconversou: "Lá na frente vamos ter o PSDB com outro bom candidato. Temos grandes nomes do partido, o governador eleito José Serra e o reeleito Aécio Neves."

Para evitar constrangimentos, o presidenciável acabou "lançando" também o nome de Serra para 2010: "Então lanço hoje o José Serra."

Serra evitou falar sobre esse assunto. "Tenho duas preocupações no momento, que são as essenciais: me preparar para fazer um bom governo em São Paulo e ajudar a eleger Alckmin. 2010 é um longuíssimo prazo", esquivou-se.

Na caminhada, o candidato tucano voltou a defender o fim da reeleição. "Quero deixar aqui claro e essa campanha vem mostrando isso: reeleição sem regras permite o abuso de governos", disse. "Estamos vendo os ministros virarem cabos eleitorais, órgãos do governo virarem comitês eleitorais e a utilização da maquina. É um vale-tudo impressionante."

O presidenciável mandou um recado ao eleitor sobre a possibilidade de um segundo mandato de Lula. "Um segundo mandato é sempre mais difícil. No primeiro, você vem com legitimidade maior e expectativa de reformas, com mais empuxo. Ainda mais no caso do PT, um governo que termina paralisado e sem equipe, com denúncias de corrupção, será mais difícil." Ele desconversou, porém, sobre o fato de que o mesmo raciocínio valeria para o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Depois de um dia todo sendo indagado se manteria na campanha o "estilo Mike Tyson" mostrado no debate de domingo, no fim da tarde Alckmin acabou rejeitando a comparação. "Imagine. Sou um modesto faixa-amarela de judô", brincou. O candidato, no entanto, repetiu que vai manter o tom de críticas e acusações ao governo Lula.