Título: Cabral e Frossard batem boca no rádio
Autor: Fabiana Cimieri
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2006, Nacional, p. A18

Em debate, candidados ao governo do Rio trocam acusações e ofensas

O primeiro debate do segundo turno entre os candidatos ao governo do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB) e Denise Frossard (PPS), foi marcado pela troca de acusações e ofensas, no estúdio da Rádio CBN, ontem. A deputada Denise Frossard questionou como o adversário gasta "cada centavo". "Como pode manter ex-mulher, cinco filhos, casa na Costa Verde, com um salário de R$ 7 mil de deputado?" O senador Cabral pediu respeito, chamou-a de "despreparada e iniciante na vida pública" e acusou-a de ter contratado como assessor um traficante de drogas. Ela se defendeu, afirmando que Elton Gomes da Silva não tinha antecedentes criminais quando o contratou.

Após o debate, Cabral, que liderou o primeiro turno e está em primeiro lugar nas pesquisas, disse que tentou falar sobre suas propostas, mas a adversária só queria fazer acusações. "Assim como o presidente Lula, eu quero falar de propostas." Frossard insistiu em ligá-lo ao ex-governador Anthony Garotinho (PMDB). Por mais de dez vezes, chamou-o de "bastião" de Garotinho e de sua mulher, a governadora do Rio, Rosinha Matheus, na Assembléia, que Cabral presidiu por oito anos.

O peemedebista, por sua vez, leu quatro vezes trechos do parecer que a juíza escreveu sobre um projeto de lei que criminalizava o preconceito contra deficientes físicos. Nessas ocasiões, ele classificava Frossard de preconceituosa, por afirmar que o defeito físico causa "asco e repulsa". Ela disse que seu texto foi mal interpretado e afirmou já ter parcerias com associações de defesa dos direitos dos portadores de deficiência.

A platéia refletia o cenário que existe hoje na disputa no Rio. A maioria dos presentes torcia por Cabral. Frossard estava apenas com assessores.

A questão do apoio de Garotinho também teve reflexos no horário eleitoral. No primeiro turno, Frossard fez campanha para o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, mas na semana passada teve reação violenta quando Garotinho declarou seu apoio a ele. Chegou a afirmar que votaria nulo para presidente, rompendo com o PSDB. Depois, voltou atrás.

Ontem, ao comentar a queda de Alckmin registrada pela pesquisa Datafolha, ela disse acreditar que o aliado perdeu votos justamente pelo apoio de Garotinho. E no primeiro dia de horário eleitoral de rádio e TV, o programa do PPS nem citou o nome de Alckmin. Na propaganda de Cabral deu-se o inverso: o destaque foi o presidente Lula, que ganhou espaço significativo no programa, com imagens de um encontro no Planalto, no qual Lula elogia o peemedebista e recomenda o voto nele, na presença de ministros.

O candidato exibiu as várias alianças conquistadas no segundo turno. Além de Lula, aparecem no programa o senador Marcelo Crivella (PRB) e o petista Vladimir Palmeira, adversários no primeiro turno, mas agora aliados. O senador eleito Francisco Dornelles (PP) e 89 prefeitos do Rio completaram o arco de adesões. Os únicos apoios que ele não mostrou foram os de Garotinho e Rosinha.

O casal surgiu foi na propaganda de Frossard, de mãos dadas com Cabral, na tentativa de mostrar que o adversário representa a continuidade do grupo que governa o Rio há oito anos. O apoio de Lula, Vladimir e Crivella a Cabral foi chamado de oportunista. A candidata se apresentou como a "governadora da mudança", a única com "autoridade moral" para resgatar o Rio da "pior crise moral e administrativa de sua história". COLABOROU RODRIGO MORAIS