Título: PFL garante a maior bancada no Senado
Autor: Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2006, Especial, p. H11

Favorecido pelo mau desempenho da ala governista do PMDB, o PFL terá a maior bancada do Senado, com 18 parlamentares. O resultado, porém, depende da disputa do segundo turno de eleições para os governos estaduais que envolvem senadores diretamente. Em quatro Estados (Paraná, Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba), senadores tentam chegar ao governo. Nesse jogo, nem sempre os suplentes são do partido do titular do mandato, o que influi no movimento de correlações de forças da Casa.

No caso do Maranhão, o PFL perderá um senador se Roseana Sarney for eleita governadora, já que seu suplente, Mauro Fecury, é do PMDB. Na Paraíba, o PMDB perderá espaço no Senado se José Maranhão virar governador, pois seu suplente, Roberto Cavalcânti, é do PRB.

A atuação política do próximo presidente poderá depender desse jogo porque o partido que tiver a maior bancada sai na frente na escolha do comando da Casa em 2007. Sem maioria sólida no Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva amargou grandes dificuldades para aprovar propostas. A situação só não foi pior justamente porque, no quatro anos, Lula teve um aliado na presidência do Senado: primeiro, foi José Sarney (PMDB-AP) e, depois,Renan Calheiros (PMDB-AL).

Se Lula for reeleito, trabalhará para ajudar Renan a conquistar novo mandato. Se assumir o Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin deverá defender que o presidente da Casa saia de uma composição entre PFL e PSDB. Os projetos de Lula, porém, estão sob risco já que o PMDB viu sua bancada encolher para 15 parlamentares e teve sérias baixas na ala governista.

Independentemente do resultado do segundo turno nos Estados, a oposição já sabe que sua posição melhorou no Senado. No cenário atual, o PFL tem 17 senadores e o PSDB soma 16. Com isso, só os dois maiores partidos de oposição já têm 34 parlamentares. Garante o número mínimo para pedir aberturas de comissões parlamentares de inquérito (são exigidas 27 assinaturas) e permite a formação de uma aliança poderosa para assegurar a Presidência da Casa e dominar suas principais ações.

Se esses 33 senadores votarem unidos, os dois partidos precisariam atrair apenas mais oito votos para garantir a maioria absoluta do Senado, que tem 81 parlamentares. Não é uma tarefa das mais difíceis. Hoje, já existem outros núcleos de oposição dentro do Senado, espalhados por diversas legendas. No PMDB, alguns dos eleitos têm baixíssima afinidade com o governo Lula. É o caso de Jarbas Vasconcelos, Joaquim Roriz e Pedro Simon. Parlamentares de outros partidos, como PDT e PPS, podem ainda se alinhar nessa composição no Senado.