Título: 'Votação só surpreendeu os institutos de pesquisa'
Autor: Bruno Winckler
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2006, Especial, p. H14

Apesar de ter se transformado em uma das principais ¿zebras¿ da eleição deste ano, o empresário Guilherme Afif Domingos (PFL) garante que ele próprio não se surpreendeu com o resultado das urnas. Ex-deputado federal e ex-candidato à Presidência da República, o empresário atingiu a marca de 43,7% dos votos no domingo. Com isso, acabou perdendo para o favorito Eduardo Suplicy (PT) por pequena margem, de pouco mais de 700 mil votos, contrariando todas as previsões.

A avaliação que Afif faz desse cenário é que os institutos de pesquisa foram incapazes de demonstrar o real cenário que havia se formado na eleição para o Senado. ¿Não foi surpresa para mim¿, disse. ¿O que foi surpresa foi o que os institutos de pesquisa fizeram.¿ O empresário, que caracterizou as previsões feitas para a eleição no Senado como um ¿verdadeiro desastre¿, contou que na manhã do dia da eleição tinha apenas 23% das intenções de voto.

Pouco mais de uma semana antes da ida às urnas, a diferença entre ele e Suplicy era ainda maior, segundo as pesquisas, ajudando a alimentar a expectativa de que o petista venceria a disputa com ampla margem sobre qualquer adversário. No dia 22 de setembro, dados divulgados pelo Ibope mostravam Afif com apenas 16% das intenções de voto. Suplicy, por sua vez, acumulava 42% da preferência do eleitorado paulista.

DIFICULDADE Mas Afif não se restringiu a negar a surpresa com o resultado. Ele disse acreditar que poderia inclusive ter se saído melhor ainda nas urnas, se não fosse pelo fato de utilizar um número diferente dos demais membros da coligação à qual pertence.

¿Eu só não tive mais votos por causa do problema do número¿, argumentou. Por pertencer ao PFL, o empresário tinha na urna o número 252, na disputa para o Senado. Enquanto isso, o governador eleito, José Serra, e o candidato à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disputaram com o número 45, do PSDB. Afif disse acreditar que, provavelmente, uma quantidade relevante de eleitores anulou o voto por engano, ao digitar 45 na hora de indicar sua escolha par o Senado, na tentativa de apoiar o candidato da coligação.

Com ou sem a perda de votos, Afif não se mostrou desconfortável com a derrota De acordo com ele, a performance da coligação PSDB-PFL na disputa foi um sucesso. O motivo disso está em um único fator, na sua avaliação: o esforço conjunto de todos os partidos envolvidos e de seus integrantes. O resultado disso, segundo Afif, foi uma ¿campanha solidária¿. ¿O trabalho que todos nós fizemos foi realmente impecável¿, afirmou.

PLANOS Mesmo tendo perdido a eleição, Afif garantiu que seu plano imediato não envolve qualquer tipo de afastamento da política no momento. O empresário explicou que, por enquanto, vai dedicar todo o tempo disponível para ajudar Geraldo Alckmin na disputa do segundo turno das eleições contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

¿A partir de já, o único projeto que tenho é ajudar o Geraldo¿, afirmou. ¿Todos nós vamos ajudá-lo¿, emendou.

E o empenho na política deve continuar depois de terminada a eleição, quando Afif pretende retornar à presidência da Associação Comercial do Estado de São Paulo (ACSP). A idéia, segundo ele, é dar início a uma ¿ampla mobilização em favor do voto distrital¿.

Em uma referência à discussão em torno da necessidade de uma reforma política, Afif disse que o Brasil corre o risco de o Congresso Nacional ser invadido pelo ¿crime organizado¿. ¿É mobilização pelo voto distrital urgente¿, afirmou o empresário. ¿Senão, nós corremos um sério risco de o PCC fazer maioria no Congresso Nacional.¿