Título: Com cautela, analistas já apostam em Alckmin
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2006, Economia, p. B3

Após hesitarem inicialmente diante da incerteza trazida pelo surpreendente segundo turno na eleição presidencial brasileira, a maioria dos investidores e analistas estrangeiros decidiu abraçar, com cautela, um viés positivo diante do resultado, que se refletiu no bom comportamento dos preços dos ativos do País. A principal justificativa para essa reação é o fato de os agentes econômicos apostarem num crescimento das chances de vitória do candidato tucano Geraldo Alckmin, considerado pela maioria um pouco mais pró-mercado do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O fato de os mercados externos viverem um período de calmaria com as perspectivas da economia dos Estados Unidos também ajudou a sedimentar a reação. Mas essa aparente calma no day after eleitoral está longe de ser sustentável e as próximas semanas poderão registrar volatilidade.

Ninguém teme o risco de instabilidade financeira, pois tanto Lula como Alckmin são vistos como comprometidos com políticas econômicas ortodoxas. Mas todos querem saber como ficará a governabilidade do País a partir de janeiro de 2007. A implementação de reformas estruturais e a melhora do desempenho fiscal são vistos como requisitos básicos para a melhora da performance econômica brasileira nos próximos anos, inclusive suas chances de obter uma nota de grau de investimento pelas agências de classificação de risco.

Na opinião de Lisa Schineller, da agência Standard & Poors, a realização do segundo turno não terá impacto sobre a avaliação do País. Já o chefe de pesquisa global para mercados emergentes do HSBC, Phillip Poole, acredita que 'o maior risco é que a eleição acabe sendo tão concorrida e apertada que um governo forte - seja ele liderado por Lula ou Alckmin - acabe não emergindo e a agenda de reformas, tão necessária, não seja implementada'.