Título: Alckmin escolhe roteiro e Lu sai em busca de votos
Autor: Patricia Villalba
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/10/2006, Nacional, p. A10

Maria Lúcia Alckmin tem feito campanha em ritmo de arrastão no Norte e Nordeste nestes últimos dias de segundo turno. É um estilo lapidado por quase 30 anos, desde que ela mergulhou de cabeça na corrida sucessória de Pindamonhangaba para ajudar a eleger o então namorado, Geraldo Alckmin.

Como Sarah Kubitschek, ela não queria ter marido político, tinha horror. Mas, apaixonada, saiu com uma amiga para distribuir fotos de porta em porta. ¿Um dia, quase fomos atacadas por um cachorro. Saímos correndo, ficamos presas numa cerca, acabamos aquele dia esfarrapadas¿, lembra Lu, a caminho de Rio Branco (AC) na quinta-feira. Naquela noite, ela assistiu apenas ao primeiro bloco do debate no SBT, no saguão do aeroporto de Palmas. Mais cedo, conversou por alguns minutos com o marido, para desejar boa sorte.

Lu vinha de Campina Grande e, antes, estivera em João Pessoa, na Paraíba. Lá, além de pedir votos, deu entrevistas como ¿representante de Geraldo¿. Na época de Pinda, Lu fazia campanha no fusquinha da amiga, hoje vai num jato fretado pelo PSDB. Se é um luxo, é o único destes dias. Até marmitex e pipoca doce, daquelas de saquinho rosa, ela come. E por mais que a situação seja incômoda não perde a elegância, o bom humor e o sorriso.

A escolha das cidades que receberão a visita dela é feita pelo próprio candidato tucano. Foi ele que achou por bem dividir o País com a mulher, ao invés de percorrê-lo junto com ela. ¿No segundo turno, me concentrei no Norte e Nordeste¿, explica Lu, que já percorreu 20 Estados. ¿Eu vou pedir votos onde o Geraldo não ganhou e agradecer aos eleitores dos lugares onde ele venceu.¿

Enquanto está se deslocando entre os Estados, Lu escreve as histórias que ouviu pouco antes nas visitas. ¿Tem de conhecer agora o País. O compromisso de trabalho a gente firma antes, durante a campanha.¿ Aos que encontra, promete que o marido não vai acabar com o Bolsa-Família. Mas sempre emenda que é necessário também adotar projetos de capacitação profissional.

Ouve muitos pedidos de ajuda imediata. Dinheiro, caixão, colchão, vestido de casamento. E tenta explicar que não pode dar nada. ¿O que eu posso prometer é que o Geraldo vai fazer um bom governo¿, dizia a uma senhora que a agarrou pelo braço no encontro que teve com 4 mil mulheres do Clube de Mães de Campina Grande, num ginásio da cidade, na quinta-feira.

Lu gosta de dizer que Alckmin é predestinado. Conta a história de quando ele saiu da casa do pai para ir ao ginásio de Pinda admitir a derrota na corrida pela prefeitura. A apuração estava quase no fim, e ele dava a questão por encerrada. Em 15 minutos, a situação virou. ¿Ele saiu de casa como derrotado e chegou no ginásio como prefeito. Foram apenas 67 votos de diferença¿, lembra ela, que traz no pulso uma fitinha do Senhor do Bonfim. ¿Será que cai até o dia 29?¿, pergunta, sem contar o que pediu.