Título: Marisa troca terninhos por jeans de militante
Autor: Tânia Monteiro e Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/10/2006, Nacional, p. A11

Depois de se manter distante da etapa inicial da campanha, a primeira-dama Marisa Letícia decidiu ir à luta no segundo turno. Tornou-se presença constante nos palanques, na platéia dos debates e nas entrevistas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Deixou de lado os terninhos que usou nos quase quatro anos de governo e voltou a vestir o figurino de militante petista: calça jeans e camiseta branca ou vermelha com a estrela do partido.

Nos comícios, sempre ao lado do presidente, Marisa se mostra animada. Na semana passada, em Valparaíso, nas redondezas de Brasília, ela sambou no palanque. Pregados na roupa, os adesivos de Lula e do candidato do PMDB ao governo de Goiás, Maguito Vilela. Quando não estava sambando, fazia com o L de Lula com os dedos.

Em Mossoró, no Rio Grande do Norte, Marisa auxiliou o presidente no comício, entregando papéis e bandeiras para ele autografar. Em Juazeiro, na Bahia, desfilou de jipe na carreata.

¿É natural que a campanha se intensifique nesta etapa final e todos, inclusive eu, aumentem a intensidade da participação¿, diz Marisa. ¿Sempre participei das campanhas de Lula e do PT e estou me dedicando à reeleição. Estou sempre à disposição para colaborar.¿

No debate da TV Bandeirantes, ela estava ao lado do presidente sempre que possível e chegou a ser notada enxugando o suor do rosto do marido. Na quinta-feira, depois do debate do SBT, foi vista pedindo-lhe para deixar o camarim. ¿Vamos, você precisa descansar. Amanhã vai ser puxado de novo¿, dizia. Nos cinco dias seguintes, os dois iriam fazer campanha juntos em sete cidades. Durante uma entrevista de Lula na biblioteca do Palácio da Alvorada, Marisa apareceu para perguntar a Lula, em tom de brincadeira, se os jornalistas o estavam ¿torturando muito¿.

REFERÊNCIA Ela é referência constante nos discursos e entrevistas de Lula. No dia 9, em encontro com cantores gospel, ele citou Marisa ao se queixar das estocadas que recebera do tucano Geraldo Alckmin na véspera, no debate na Bandeirantes. ¿Ontem foi um dos dias mais tristes na política que vivi¿, disse. ¿Confesso a vocês que foi triste para mim e para minha mulher.¿

Marisa chegou a ter agenda própria de campanha. No Distrito Federal, comandou três caminhadas sem a presença de Lula. A primeira na zona central de Brasília - ao lado de Mariza Gomes, mulher do vice-presidente José Alencar - e as outras em cidades-satélites da capital federal. Habitualmente avessa à imprensa, a primeira-dama deu até entrevista. ¿Agora é na rua. Foi assim que começamos no partido e é assim que vamos ganhar a eleição¿, declarou.

No corpo-a-corpo com eleitores, ela faz o apelo: ¿Cada um de vocês deve conseguir 10 votos para o presidente.¿ Marisa pretende continuar na campanha até o último dia permitido pela lei.