Título: Brasil promete ao G-20 reformas na economia
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/11/2006, Economia, p. B5

O governo brasileiro se comprometeu com o grupo dos 20 países mais ricos (G-20) 'a continuar a garantir a estabilidade macroeconômica, implementar novas reformas microeconômicas, aumentar os investimentos em infra-estrutura e aprofundar os mercados financeiros domésticos.'

Mas não sinalizou concretamente com a adoção de novas reformas estruturais, como, por exemplo, a Previdência Social, considerada pela maioria dos economistas um pré-requisito para uma melhora de sua performance fiscal, queda mais acelerada de taxas de juros e crescimento econômico maior no longo prazo.

Essa timidez no aceno de reformas estruturais reflete a visão predominante - mas não unânime - dentro do governo de que a obtenção de um crescimento econômico sustentado em torno dos 5% será possível através de maior estímulo aos investimentos por meio da desoneração tributária, melhora do marco regulatório, entre outras medidas.

Os compromissos assumidos pelo governo brasileiro constam da Agenda de Reformas do G-20, divulgada ontem no encerramento da reunião das autoridades financeiras em Melbourne. Ela faz parte de um 'acordo' firmado pelos 20 países para discutir e promover políticas macroeconômicas e reformas que propiciem um crescimento sustentado em suas economias, com reflexos positivos para todo o mundo.

A Coréia do Sul, por exemplo, afirmou que sua política econômica vai se concentrar na elevação de seu crescimento potencial através de reformas estruturais. As prioridades estabelecidas pela China incluem o 'aprofundamento' da reforma fiscal, tributária e 'avanços' na reforma no sistema de previdência. O governo da Índia ressaltou a necessidade de investir mais em infra-estrutura e afirmou que pretende eliminar seu déficit fiscal até 2009.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, juntamente com representantes do Reino Unido e da Indonésia, fez uma palestra ontem em um seminário do G-20 dedicado às reformas econômicas no qual apresentou uma detalhada análise conceitual do tema, sob o ponto de vista global.

'A reforma econômica é um processo complexo, que toma tempo e que gera custos políticos', disse.'É, entretanto, necessária para as economias que pretendem progredir no atual ambiente de maior competitividade e de rápidas mudanças.'

Meirelles ressaltou que, para ter êxito, a reforma precisa ter seus objetivos e custos explicados com total transparência à sociedade. 'Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, há freqüentemente uma maior necessidade de construção de consenso do que nas economias maduras', disse.

O presidente do BC ressaltou que a agenda de reforma está sempre em transformação. 'No Brasil está na hora de se mover da agenda de estabilização macroeconômica, que é uma condição para o sucesso econômico , que faremos o máximo para proteger, para a tarefa de acelerar o crescimento, não em golfadas, mas num ritmo sustentado e constante, com ganhos rápidos na produtividade, da qual precisamos para reduzir mais a pobreza e a desigualdade', disse Meirelles.