Título: Banco terá linha especial para a TV digital
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/11/2006, Negócios, p. B8

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) finaliza nas próximas semanas um grande programa de financiamento à cadeia da TV digital no Brasil. O programa deve ser oficialmente anunciado no início de dezembro, e prevê financiamentos em várias frentes - como adaptações fabris para o fornecimento de equipamentos digitais, troca da infra-estrutura de transmissores no País e compras das próprias empresas de radiodifusão.

O principal objetivo será capacitar a indústria nacional a abocanhar a maior parte das encomendas de programas e equipamentos que surgirão nos próximos dez anos. De forma geral, a idéia é 'favorecer ao máximo a indústria nacional' na produção dos equipamentos para atender o novo padrão digital.

O padrão a ser adotado no Brasil será o japonês, com a incorporação de algumas modificações elaboradas no Brasil. Isso exigirá adaptações e desenvolvimento de tecnologia local na cadeia.

O chefe do departamento de telecomunicação do BNDES, Allan Fischler, explica que o padrão híbrido foi escolhido justamente para dar uma oportunidade à indústria nacional de desenvolver uma geração de equipamentos e softwares, o que não seria possível com a simples importação de um padrão internacional. 'Nesse caso, você simplesmente montaria equipamentos já existem no resto do mundo', diz.

Além dos financiamentos às indústrias, o banco também deverá financiar as compras das empresas de radiodifusão (transmissoras e retransmissoras de televisão). Estima-se que a digitalização de toda a infra-estrutura de transmissão demandará investimentos da ordem de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões - é nesta parte da cadeia que serão necessários os maiores investimentos até 2016.

A previsão é que o sistema digital de televisão comece a funcionar a partir do fim de 2007, a começar pela região metropolitana de São Paulo. Nos anos seguintes, o modelo será estendido para as demais localidades. No fim de junho de 2016, o sistema analógico será desligado.

Segundo especialistas, os principais equipamentos para o novo padrão deverão ser importados no ano que vem, por conta do pouco tempo e pelo fato de que, na prática, a indústria nacional não atua tanto nos equipamentos transmissores de alta potência. Nos transmissores de pequeno e médio portes, porém, já existem algumas empresas atuando no País, como a Telavo Digital e a Linear Equipamentos.

O presidente da Telavo, Jakson Alexandre Sosa, diz que a empresa já produz transmissores analógicos e digitais para exportação. Com o novo padrão brasileiro, a empresa tem um plano de investimentos de US$ 3,5 milhões na adequação do parque técnico e laboratórios. A empresa desenvolve, com a PUC/SP e o centro de tecnologia Ceitec, um chip para a modulação brasileira.

Outro aspecto levado em conta no setor é a possibilidade de exportar o padrão brasileiro de TV digital para países do continente. Segundo os técnicos do BNDES, isso permitiria aumentar a escala de produção e fornecimento dos fabricantes nacionais.