Título: Leo, 7 anos, um retrato da virulência da doença
Autor: Adriana Dias Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2006, Vida e Saúde, p. A26

Leonardo Carlos foi cremado no dia 9 de setembro. Ele tinha 7 anos. Motivo da morte: meningite pneumocócica. Os dados, registrados num documento todo amassadinho, são quase inelegíveis. Numa tentativa desesperada de se livrar do sofrimento, Isaías dos Santos Carlos amarrotou o atestado de óbito do filho, ameaçando jogar o papel ¿inútil¿ no lixo.

A mulher, Solange, impediu. ¿Não temos esse direito¿, disse ela, que sempre foi taxada de perfeccionista por vizinhos pela educação dos filhos. Se chovesse, por exemplo, ninguém podia brincar na rua. Mas o zelo não impediu que um dia Leonardo, o mais velho dos filhos, acordasse com febre de 38 graus, dor de cabeça e molinho. ¿Estranhei. Leo sempre foi um sapeca e levei ele no hospital¿, lembra ela. De lá, Leo saiu com o diagnóstico de gripe e a indicação de tomar limonada. Vinte e quatro horas depois, não só voltou a febre, como piorou a prostração do menino. Aí veio o diagnóstico real, em outro hospital. Cinco dias depois, morreu. Na manhã seguinte, Solange, que estava grávida, deu à luz a Liane. ¿Deus me deu um presente. Liane é a cara do Leo.¿