Título: PMDB tende a aderir em bloco ao governo em 2007
Autor: Vera Rosa, Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2006, Nacional, p. A4

Para oferecer saída confortável a quem antes estava na oposição, cúpula convocará Conselho Político do partido

A cúpula do PMDB trabalha para, atendendo a exigência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tentar fechar o apoio do partido ao governo em bloco - ou pelo menos com a grande maioria de seus integrantes. Para isso, planeja armar uma 'saída honrosa' para os peemedebistas que ficaram na oposição no primeiro governo petista: convocar o Conselho Político do partido para opinar sobre o apoio. As lideranças acreditam ser possível costurar a unidade interna em 15 dias e assim abrir caminho à negociação do espaço no futuro governo de coalizão.

A conversa formal de Lula com o PMDB ainda não aconteceu, mas a expectativa é de que se realize nos próximos dias.

O presidente nacional da legenda, deputado Michel Temer (SP), começou a ouvir os peemedebistas ontem em busca de um consenso e planeja convocar o Conselho Político daqui a duas semanas, para uma manifestação oficial do partido. A idéia é que pelo menos 80% dos cerca de 130 conselheiros - entre deputados, senadores, líderes, ex-líderes e ex-presidentes do partido - aprovem a tese do apoio.

'O que se busca agora é a unidade, porque o PMDB dividido o governo já tem', observou Temer. Ele não tem dúvidas de que só será possível falar em coalizão se houver a integração mais ampla do partido. 'A única forma de obter a unidade partidária que se deseja é reunindo o Conselho Político', disse. A cúpula governista apóia a idéia porque considera que o conselho pode ser a saída confortável que a ala até agora oposicionista reclamava para aderir ao governo - ainda que na condição de voto vencido.

VAGA NO SUPREMO

O próprio presidente do PMDB, que apoiou a candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência, recebe atenção especial nas articulações desta fase. Uma das idéias seria o deputado deixar o comando do partido e ser contemplado com uma vaga no Supremo Tribunal Federal, uma vez que o ministro Sepúlveda Pertence deve se aposentar em abril.

Além de Temer, outros alvos são o ex-governador Orestes Quércia e o PMDB gaúcho, liderado pelo deputado Eliseu Padilha. O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que sempre se alinhou a esse grupo, já passou a apoiar o Planalto. Na avaliação de governistas, a nomeação do ex-ministro Nelson Jobim para um ministério poderia acomodar a ala do Rio Grande do Sul.

Ao mesmo tempo em que os líderes governistas articulam o apoio do partido ao Planalto, o presidente Lula trabalha na conquista dos governadores eleitos. Em conversa com o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), ontem, Lula disse que já escalou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para viajar aos Estados e montar uma agenda de projetos urgentes com cada governador eleito.

A idéia é eleger as obras de infra-estrutura essenciais ao desenvolvimento de cada Estado e que estejam empacadas no Executivo federal, seja por falta de verbas, de vontade política ou simplesmente por conta do excesso de burocracia.