Título: Câmara volta devagar e só aprova uma MP
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2006, Nacional, p. A6

Ficou para hoje tentativa de derrubar aumento de 16,6% para aposentados

Em meio às negociações do presidente Lula com seus aliados para compor o novo ministério, a Câmara retomou as votações ontem, em ritmo lento. Os líderes dos partidos aliados decidiram dar prioridade a elas, mas não tiveram bom resultado.

A Câmara conseguiu aprovar só uma das dez medidas provisórias que trancam sua pauta: em votação simbólica, os deputados aceitaram a medida que destina créditos extraordinários para ministérios. A sessão foi encerrada já na segunda MP, que trata do pacote cambial, porque um novo relator foi designado e pediu prazo para dar seu parecer.

Ficou para hoje a MP que reajusta em 5,01% as aposentadorias de valor superior a um salário mínimo. Os líderes da base não têm segurança de uma vitória, mas vão tentar reverter a derrota do governo na votação em junho, quando foi aprovado o índice de 16,67% - proposta do PFL - para as aposentadorias da Previdência Social. Lula vetou o aumento. O PFL já avisou que vai insistir no índice maior.

Os aliados ainda não sabem como vão se comportar os deputados que não se reelegeram. O temor é que alguns apóiem a proposta de reajuste maior, por atribuir ao governo sua derrota nas urnas. Os partidos, no entanto, vão procurar demonstrar lealdade ao governo no momento em que Lula está escolhendo seu novo ministério.

Para o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a vitória na votação vai depender muito do quórum da sessão. 'Temos de votar a MP como o governo propõe, mas não dá para saber com que segurança', explicou.

'Espero que as pessoas votem com a razão. Temos de vencer a demagogia e as promessas eleitoreiras', disse o líder do PSB na Câmara, Alexandre Cardoso (RJ). Ontem, às 19h30, mais de 400 deputados tinham registrado presença no painel eletrônico da Casa, o que indica que hoje haverá quórum favorável para as votações.