Título: Berzoini avisa que vai reassumir comando do PT
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2006, Nacional, p. A6

Apesar das pressões de petistas e de Lula por mudança na direção da legenda, deputado afirma que tem mandato 'constituído pelas urnas'

Denise Madueño

Licenciado da presidência do PT por causa da suspeita de que sabia da tentativa de um grupo de petistas de comprar um dossiê contra tucanos, o deputado Ricardo Berzoini (SP) afirmou ontem que vai cobrar o mandato que obteve do partido no ano passado e só termina em 2008. Disse que fará isso apesar da pressão de petistas e do próprio presidente Lula por uma mudança na direção do PT.

'Não coloco a discussão nesses termos. Tenho mandato que foi constituído pelas urnas. O mandato é a minha referência', afirmou Berzoini, em resposta a uma pergunta sobre a possibilidade de reassumir o cargo mesmo contra o desejo de Lula e de setores que defendem a renovação partidária. 'Isso não é ir para o pau, é uma questão partidária', definiu.

Berzoini explicou que seu afastamento da presidência do PT foi para cumprir o 'objetivo tático' de não prejudicar a reeleição de Lula. Portanto, avaliou que sua volta ao cargo não depende do inquérito da Polícia Federal sobre a compra do dossiê. 'Não condiciono a minha volta ao resultado do inquérito, mas a ter essa apuração concluída. O inquérito não condena ninguém, no máximo indicia.'

O deputado não especificou em que data poderia reassumir a presidência do PT, alegando que fixar prazos não seria 'uma boa medida política'. 'Minha avaliação é de que vamos resolver isso logo', disse. Desde que Berzoini se licenciou do cargo, a presidência nacional do PT está sendo exercida interinamente por Marco Aurélio Garcia, vice-presidente da legenda e assessor especial de Lula.

ARTICULAÇÃO

Apesar de se apoiar em grande parte na legitimidade do mandato para voltar ao comando nacional do PT, Berzoini contou já ter iniciado uma articulação nesse sentido junto a colegas de partido. Essas conversas, de acordo com ele, é que vão determinar quando sua volta à presidência vai ocorrer.

'Devo retornar assim que houver condições', resumiu o deputado. 'Tenho direito estatutário, mas também não sou burocrático. Estou trabalhando o diálogo dentro do partido para que isso aconteça.'

Apesar de o debate sobre uma mudança na direção petista ter ganho força após a eleição, Berzoini negou que esteja sendo pressionado a deixar definitivamente o cargo. 'Eu não recebi nenhuma pressão específica. Toda vez que participei de atividades do partido fui muito bem recebido', disse ele.

COLABOROU CLARISSA OLIVEIR