Título: Chávez comemora vitória de Ortega na Nicarágua
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2006, Internacional, p. A17

Presidente venezuelano diz que 'povos se levantam' na região e manda 'ianques para casa'

AFP, EFE E REUTERS

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, comemorou ontem a vitória do sandinista Daniel Ortega nas eleições presidenciais de domingo na Nicarágua. Durante um ato público com professores, Chávez disse que a volta do ex-presidente Ortega (1985-90) ao poder demonstra 'que os povos se levantam de novo'. Durante a campanha, Ortega tentou disfarçar os laços com o venezuelano, temendo perder votos.

A vitória de Ortega foi confirmada ontem pelo Conselho Supremo Eleitoral da Nicarágua. Com 91,48% dos votos apurados, o candidato da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FLSN) tinha 38,07%. O segundo colocado, o candidato de direita Eduardo Montealegre, estava com 29%.

O candidato sandinista ultrapassou assim o mínimo necessário de 35% dos votos e 5 pontos de vantagem sobre o segundo colocado para ser eleito já no primeiro turno.

O venezuelano Chávez aproveitou a vitória de Ortega para atacar os EUA. Segundo ele, isso mostra que o panorama político na região está mudando. 'A América Latina está deixando de ser o quintal dos fundos dos EUA', provocou. 'Ianques, vão para casa', disse, em inglês.

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, também saudou anteontem a vitória sandinista. 'É bom para o povo da Nicarágua e para a integração latino-americana.'

O jornal New York Times, em editorial, analisou que a vitória de Ortega é uma derrota para a administração do presidente George W. Bush. Durante a campanha, o candidato foi criticado pela Casa Branca, que ameaçou retirar apoio financeiro do país se Ortega ganhasse. O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse ontem que os EUA querem uma 'boa relação' com a Nicarágua, mas não quis comentar o resultado antes do fim da apuração. Segundo o ex-presidente americano Jimmy Carter, observador das eleições no país, Ortega manifestou em conversa com ele o desejo de 'trabalhar em harmonia' com os americanos.