Título: Indústria brasileira atrai menos recursos externos
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2006, Economia & Negócios, p. B3

A indústria brasileira perdeu competitividade internacional e atrai cada vez menos recursos diretos do investidor estrangeiro. Dados do Banco Central (BC) mostram que dos US$ 14,12 bilhões que ingressaram no País entre janeiro e setembro, sob a forma de investimento direto, US$ 5,22 bilhões foram para o setor industrial, 37% do total. O segmento de serviços atraiu US$ 7,76 bilhões, o equivalente a 55% do total.

'Os grandes grupos internacionais que querem ampliar produção industrial estão preferindo a China', resume o professor do Ibmec-RJ, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do BC. No ano passado, a participação foi semelhante. Dos US$ 21,64 bilhões que ingressaram no País sob a forma de investimento direto, US$ 6,5 bilhões foram para indústria (30,17% do total) e US$ 12,9 bilhões para os serviços, ou quase 60% do total. Os 10% restantes foram para a área de mineração e/ou agricultura.

O sócio de corporate finance da KPMG, André Castello Branco, pondera que alguns segmentos industriais ainda são atraentes, como o agronegócio, com destaque para a área de açúcar e álcool. Mas, até setembro, a área de serviços liderava operações de fusões e aquisições no Brasil. A área de energia elétrica, por exemplo, registrou 52 operações este ano, sendo 32 de capital estrangeiro.

'Na área industrial, o grande destaque dos últimos anos tem sido o movimento inverso, com as empresas brasileiras investindo no exterior, tentando diversificar mercados', complementa. Alguns dos investimentos industriais realizados no Brasil por estrangeiros estão acoplados a estratégias mundiais desses grupos. É o caso da ThyssenKrupp, que constrói uma siderúrgica no Rio, num investimento de US$ 3,6 bilhões.