Título: Para Furlan, Alca está ultrapassada
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2006, Economia, p. B8

Ministro defende novo modelo para impulsionar negócios nas Américas

Reuters

Os Estados Unidos e o Brasil precisam de um novo plano para impulsionar o comércio e o investimento, já que o objetivo de criar uma zona de livre comércio nas Américas ficou obsoleto. As palavras são do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. 'Precisamos de um novo terno. A Alca (Área de Livre Comércio das Américas) não é o terno adequado para o momento e para o futuro', disse ele, ontem, durante palestra a um grupo de empresários americanos .

Furlan afirmou não esperar que o presidente Lula acredite numa nova instância para retomar as negociações da Alca. No entanto, a proximidade de Lula com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, apresenta a possibilidade 'de desenvolver uma nova proposta, de maneira que os países que compõem o Mercosul possam abrir-se aos países da América do Norte'.

Estimulados pela conclusão do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e outras iniciativas comerciais, líderes regionais decidiram em 1994 estabelecer uma meta para criar uma zona de livre comércio que cubrisse os 34 países do Hemisfério Ocidental, com exceção de Cuba. No entanto, as negociações se mantiveram estancadas por anos, por causa principalmente das agudas diferenças entre Estados Unidos e Brasil sobre o que deveria ser incluído no pacto.

Em outro tema, Furlan mostrou-se otimista em que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, e outros funcionários do governo Bush ajudarão a persuadir o Congresso a renovar o Sistema Geral de Preferências (SGP), com benefícios comerciais para o Brasil.

O programa dá preferências comerciais a países em desenvolvimento. No caso específico do Brasil, o maior beneficiado é o setor de autopeças. O SGP vence no fim deste ano.

Para Furlan, Paulson compreende que o fim do programa afetaria companhias americanas que fazem negócios com o Brasil e elevaria os preços que os consumidores dos Estados Unidos pagam por alguns bens importados.