Título: Eleições calmas, uma novidade
Autor: Josué Leonel
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/09/2006, Investimentos, p. H

A eleição caminha para ser a mais tranqüila para o mercado desde o fim do regime militar.

Será a primeira em que um candidato tido como 'perigoso' para os investidores não aparece entre os favoritos.

Na primeira eleição direta após a redemocratização, em 1989, Lula chegou ao segundo turno. O discurso do petista tirava o sono do setor financeiro, com críticas ao FMI, ao endividamento externo e ao 'arrocho salarial'.

Lula continuou assustando o empresariado nas três eleições seguintes. Em 2002, liderou desde as primeiras pesquisas, o que provocou forte estresse no mercado.

O quadro nesta eleição é outro. O risco Brasil caiu 29,26% no ano até agosto, e o dólar oscilou pouco (o momento de maior volatilidade, em maio, foi causado pela alta dos juros nos EUA).

Apesar dos escândalos e da corrupção, a calmaria reflete a 'maturidade' do sistema político brasileiro em questões econômicas, avalia o cientista político Christopher Garman, da consultoria Eurasia. 'Está ficando parecido com a Itália, onde há confusão política, mas isso não interfere na política econômica', compara.