Título: Produto atrai investidor que deseja ganho maior
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/09/2006, Especial, p. H2

Tendência de continuidade de corte do juro básico neste e no próximo ano, o que achata rendimento na renda fixa, leva aplicador a correr risco

O sentimento de que a taxa básica de juros vai permanecer em queda e de que, com isso, opções conservadoras como os fundos de renda fixa e os DI vão render cada vez menos está empurrando gradualmente os investidores aos fundos multimercado. Esse fundo, mais flexível na gestão, tem a vantagem de aproveitar as oportunidades acenadas pelos diversos mercados - à vista e futuro de juros, ações e dólar, entre outros - para aumentar a rentabilidade do investidor. Pelos dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), os fundos multimercado com renda variável acumulam no ano, até 29 de agosto, rendimento bruto médio de 12,27%, comparado com o de 10,25% dos fundos DI e 10,26% dos de renda fixa.

Os especialistas em investimento se alinham na análise de que os juros ainda continuam elevados, tanto em termos nominais como reais (descontada a inflação), mas é hora de reavaliar e rebalancear os investimentos. Isso significa que, diante da perspectiva de continuidade de tendência de queda dos juros, o investidor deve manter na renda fixa os recursos de que vai precisar no curto prazo e aplicar o capital de longo prazo em produtos que oferecem risco, mas também maior rentabilidade. A escolha vai depender ainda do perfil de cada um em relação à tolerância ao risco.

O superintendente-executivo do Depatamento de Investimentos do Bradesco, Marcos Villanova, diz que a redução dos juros leva a uma mudança de perfil do investidor, que tende a deixar a renda fixa em direção à renda variável, em busca de maior rendimento. 'A queda do juro básico é indicação de que está na hora de o investidor sair da região do conforto (renda fixa) e correr mais risco.' Além da queda de rentabilidade na renda fixa por causa de corte no juro indicado pela inflação corrente e futura mais baixa, o cenário mais claro favorece os fundos que aproveitam a tendência direcional dos mercados, comenta Aquiles Mosca, estrategista de Investimentos Pessoais do ABN AMRO Asset Management. 'É um produto indicado para o investidor que pode assumir posição de risco no longo prazo e conviver o dia-adia com oscilações para ganhar mais que no fundo DI.' O diretor de administração de carteiras do Banco Itaú, Carlos Mussolini, diz também que o cenário positivo aponta para a diversificação em bolsa e fundos multimercado. Marcelo Assalin, diretor de Investimentos da Sul América Investimentos, reforça a sugestão, destacando que o multimercado é uma das opções mais interessantes porque explora, por meio de vários instrumentos, todas as opções do mercado financeiro e consegue captar as expectativas de melhor retorno ao investidor.

O fundo, de acordo com os analistas, é o mais adequado também para o investidor acostumado à renda fixa que, com a redução dos juros, deseja correr algum risco com ativos de renda variável. 'Como ainda existe uma cultura muito enraizada de renda fixa, o investidor não mostra muito interesse pelo mercado de ações', avalia Marcos Villanova, do Bradesco.

Como os multimercados trabalham também com títulos prefixados -, Mário Carvalho, diretor de Gestão de Fundos de Investimento do banco WestLB do Brasil, diz que o mais indicado é o fundo cujo retorno absoluto está ligado ao juro nominal, e não ao porcentual de DI.