Título: Rio sofre mais com falta de profissionais de controle
Autor: Bruno Tavares, Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/11/2006, Metrópole, p. C4

Mesmo com a decisão da Aeronáutica de aquartelar controladores de tráfego para tentar conter a crise no setor, o feriado da Proclamação da República foi mais um dia de espera nos aeroportos do País. Depois de São Paulo, o Estado mais afetado foi o Rio. No Aeroporto Internacional Tom Jobim, entre 7 e 18 horas, de um total de 76 vôos domésticos, 20 foram cancelados, entre pousos e decolagens, e 56 sofreram atraso médio de 45 minutos. O balanço divulgado pela Infraero ao meio-dia, já registrava os 20 cancelamentos e nove vôos atrasados, com espera média de 38 minutos. Não houve problemas com vôos internacionais.

No Santos Dumont, oito vôos foram cancelados pela manhã e quatro estavam atrasados por volta das 11horas - dois pousos e duas decolagens. Houve casos de passageiros que só embarcaram uma hora e meia depois do horário marcado.

Controladores e técnicos do setor de aviação civil confirmaram que os atrasos e cancelamentos de vôos são decorrentes da falta de funcionários no Cindacta-1, em Brasília. O centro de controle da capital federal, responsável por monitoramento de quase 80% do tráfego aéreo do País, está dividido em três setores: Rio, São Paulo e Brasília. O primeiro, do Rio, é o mais problemático, por falta de pessoal. Cada equipe tem cerca de 50 operadores, mas como as áreas estão congestionadas, qualquer ausência interfere no trabalho.

Foi o que aconteceu no domingo, quando a nova crise foi desencadeada nos aeroportos. Seis operadores e dois supervisores estavam escalados para trabalhar na central localizada em Brasília, mas dois operadores alegaram problemas e faltaram. Os quatro restantes ficaram sobrecarregados e tiveram que aumentar o intervalo de tempo entre pousos e decolagens, para não comprometer a segurança do monitoramento.

Com a equipe de prontidão em Brasília, só era possível controlar 14 aviões simultaneamente, o que, na ocasião, era insuficiente para atender o fluxo de aeronaves. Para a demanda daquele dia, seriam necessários ao menos 11 profissionais de plantão.

Outro problema é que um profissional que atua em um setor não pode atuar em outro, pois cada área tem a sua particularidade. Os treinamentos são específicos. Portanto, se o controlador da área Rio faltar, não é possível deslocar um controlar que trabalha com as áreas Brasília ou São Paulo para auxiliar no trabalho. Para operar os consoles do setor Rio, ele tem de passar por um treinamento específico.