Título: Magreza está ligada a sucesso na carreira
Autor: Paulo Baraldi
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/11/2006, Metrópole, p. C6

Casos como o de Ana Carolina não são raridade, diz o chefe do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas de São Paulo, o endocrinologista Alfredo Halpern. A doença, presente em especial entre adolescentes mulheres, é mais freqüente entre modelos e bailarinas, que precisam estar magras para ter um bom desempenho na carreira.

Além de levar à morte por desnutrição, há casos assustadores. Segundo o médico, às vezes é preciso internar a anoréxica para que ela seja alimentada por uma sonda. A causa da doença é, ainda hoje, incerta. 'A teoria mais aceita é de um misto de distúrbio psíquico com distúrbio químico', diz Halpern.

O psiquiatra Adriano Segal, do Hospital das Clínicas, diz que estudos mundiais recentes mostram que 1% da população feminina, do início da adolescência até os 18 anos, sofre de anorexia. Dentro desse quadro, a morte é o resultado para 20% delas.

Segundo ele, com a melhor identificação da doença, os casos vêm aumentando nos últimos anos. 'Mas não dá para dizer que é uma febre da juventude.' Em cada dez pacientes diagnosticados, nove são mulheres.

Mais alarmante, segundo Segal, é o índice de adolescentes com sinais de anorexia, mas que não podem ser enquadrados na doença: 50% nos Estados Unidos. Não há dados no Brasil.

O primeiro sinal da anorexia é a pessoa se achar gorda, como uma negação ao próprio corpo, mesmo estando magra, segundo a psicóloga Maria Beatriz Meirelles Leite, que atende duas agências de modelos em São Paulo.

Ao perceber o problema, os responsáveis devem providenciar uma avaliação médica. 'É um erro forçar a pessoa a comer. O primeiro passo é levar ao médico abordando a necessidade da consulta pelo aspecto físico e não emocional', diz Maria Beatriz.