Título: R$ 15 mi das emendas para comprar ônibus
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2006, Nacional, p. A4

O PSB dedicou R$ 15,4 milhões de suas emendas individuais ao orçamento, entre 2005 e 2006, para o Programa de Inclusão Digital, que prevê a compra de ônibus equipados com computadores para uso por pessoas de baixa renda. Nos últimos dois anos, os ônibus digitais eram a grande aposta de novo negócio da máfia dos sanguessugas, que já considerava esgotado o espaço para venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras.

Dos 30 deputados do PSB, 16 apresentaram emendas para compra de ônibus digitais. Eles não são os únicos: as emendas desse tipo somam R$ 98 milhões em 2005 e 2006.

Mas o empenho do PSB em relação ao programa é bem maior: sua participação no bolo chega a 16%, quatro vezes mais do que o tamanho de sua bancada. No total, as emendas individuais de parlamentares do PSB chegam a cerca de R$ 200 milhões em 2005 e 2006.

O líder Alexandre Cardoso, do Rio, é o deputado do PSB que mais se destaca na apresentação de emendas destinadas à inclusão digital. Ele responde por R$ 5,3 milhões das propostas voltadas para a aquisição dos ônibus. Também chamam a atenção pelos valores destinados ao programa as emendas de outro deputado do Rio, Paulo Baltazar, que somam R$ 2,68 milhões. Pelo menos uma delas, de R$ 1,08 milhão, foi destinada a uma entidade sem fins lucrativos apontada pela Polícia Federal como um dos principais núcleos de fraude dos sanguessugas no Rio, o Instituto Brasileiro de Cultura e Educação (Ibrae).

Baltazar é um dos 90 parlamentares investigados, entre outros motivos, por ser acusado pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos donos da Planam, de ter negociado propina de 10% sobre o valor da emenda direcionada ao Ibrae. Mais de um terço dos 90 parlamentares notificados pela CPI dos Sanguessugas também dirigiram emendas para a aquisição de ônibus de inclusão digital.