Título: Motorista diz que passou dinheiro da máfia a deputado
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2006, Nacional, p. A4

Ele conta que R$ 10 mil depositados em sua conta foram entregues a secretária de Ribeiro

Em depoimento ontem à CPI dos Sanguessugas, o motorista Flávio Santos Silva, que trabalha para o deputado Érico Ribeiro (PP-RS), admitiu ter recebido dinheiro da máfia das ambulâncias para repassar ao parlamentar. Flávio informou que os R$ 10 mil depositados em sua conta foram entregues a uma secretária do deputado. Ribeiro, que é um grande produtor de arroz no Sul do País, apresentou emenda no valor de R$ 1,2 milhão para compra de ambulâncias para cerca de dez municípios.

"O assessor realmente confirmou que recebeu e entregou o dinheiro a um superior", disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI. Além do motorista, Gabeira ouviu o depoimento de mais três assessores de deputados acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas.

CONTA CONJUNTA

Danielle Pires, assessora de Ricardo Rique (PL-PB), disse à comissão que tem conta bancária conjunta com o parlamentar para o pagamento de contas. Segundo ela, o deputado informou apenas que entraria um dinheiro na conta, sem informar de onde viria. "Hoje sabemos que o dinheiro vinha da família Vedoin", observou Gabeira.

José Moisés da Silva, assessor de Nilton Capixaba (PTB-RO), foi outro ouvido ontem pela CPI. "No caso do Nilton Capixaba nem precisava ouvir o assessor. As provas contra o deputado são esmagadoras e contundentes", contou Gabeira.

Ele também tomou o depoimento de Newton Sabaraense, assessor da deputada Tetê Bezerra (PMDB-MT), que, segundo o relator, não acrescentou fatos novos às investigações. Hoje, a CPI dos Sanguessugas vai tentar votar cerca de 50 requerimentos, entre eles os que prevêem a convocação dos ex-ministros da Saúde José Serra (PSDB), Humberto Costa (PT) e Saraiva Felipe (PMDB).

Integrantes da comissão também se reúnem com o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, sócio da Planam, a principal empresa do esquema de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras. Ele deve apresentar novas provas contra parlamentares que teriam recebido propina para apresentar emendas orçamentárias.