Título: Relator fará um capítulo para cada suspeito
Autor: Fábio Graner e Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2006, Nacional, p. A5

Idéia é dar tratamento caso a caso e detalhar as condutas individuais

Cada parlamentar sob suspeita de ligação com a máfia dos sanguessugas - o esquema de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras com verbas federais por meio de emendas dos congressistas ao orçamento - merecerá um capítulo no relatório parcial que o relator da CPI dos Sanguessugas, senador Amir Lando (PMDB-RO), promete apresentar na quinta-feira.

De acordo com o relator, cada capítulo de seu parecer vai descrever o envolvimento do parlamentar acusado, enumerar as provas e apresentar os argumentos de defesa. Lando se refere aos capítulos como "processos", mas os técnicos da CPI preferem chamá-los de "prontuários".

"Minha proposta é deixar tudo pronto caso a caso. Cada um terá um processo. Ou seja, autos onde tenham descritas as condutas individuais e uma apreciação final. Será um histórico para cada parlamentar", explicou Lando.

Os parlamentares serão divididos em três grupos. No primeiro ficarão os 63 que receberam da Planam - empresa que funcionava como quartel-general da máfia - depósitos em suas contas ou nas de parentes e assessores. No segundo, os 21 apontados pelos donos da Planam, Luiz Antônio e Darci Vedoin, como tendo levado dinheiro vivo. No último serão abrigados seis acusados contra os quais o relator avalia que não há provas.

"Nós estamos valorando cada uma das provas, cada uma das interceptações telefônicas, as repetições nos depoimentos , quando mais de um depoente faz referência idêntica sobre o parlamentar. Esse é o nosso trabalho maior neste momento", afirmou Lando.

O relator disse que vai propor medidas corretivas para evitar que o Orçamento da União seja alvo de ataques como os praticados pelos sanguessugas. Confirmou ainda que encaminhará aos Conselhos de Ética da Câmara e do Senado os nomes dos parlamentares acusados de terem participado da máfia. "Eu não posso cassar ninguém, só encaminhar ao Conselho de Ética para a análise da participação dos parlamentares", ressalvou o senador.