Título: Berzoini critica proposta feita por FHC
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2006, Nacional, p. A7

Plano Real para a política, diz ele, é para esquecer os 8 anos do PSDB

O presidente nacional do PT, deputado federal Ricardo Berzoini, minimizou a proposta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de se fazer "um Plano Real" para a política brasileira. Segundo ele, o fato de FHC falar agora em fazer uma reforma política, seguindo a mesma estratégia adotada por seu governo na área econômica, seria esquecer o que aconteceu no passado do País.

"Ele querer falar agora em um Plano Real para a política só pode ser querer esquecer a marca de seus oito anos de governo", disse Berzoini.

Em artigo publicado anteontem no Estado, FHC propõe: "Assim como fizemos na década de 90 do século passado, reformando as instituições econômicas e criando uma nova cultura para lidar com a moeda e acabar com a inflação, seria preciso reformar nossas instituições partidárias para assegurar uma mudança que aumentasse a conexão entre eleitorado e seus representantes e acabasse com a corrupção sistêmica."

Na avaliação de Berzoini, FHC teve chances de promover reforma política em seus dois mandatos, mas, em vez disso, fez como única mudança na área a implantação do sistema de reeleição. "Esta foi a única reforma política que ele fez." No artigo, o ex-presidente alega que o fato de "não tê-lo feito (realizar a reforma política)" não invalida a "premência de atuar agora". "Já respondi inúmeras vezes que me concentrei no que era mais urgente na época: as reformas econômicas e a reorganização do Estado para torná-lo capaz de melhorar as políticas públicas", completou FHC, que também tratou de voto distrital e de regime parlamentarista.

CONSTITUINTE

Berzoini comentou a disposição do presidente Lula de convocar uma Assembléia Constituinte exclusiva para realizar a reforma política após as eleições de outubro. Para ele, essa é uma alternativa viável, mas que deixaria de ser necessária caso houvesse um comprometimento dos partidos de votar mudanças no sistema político atual.

"Se houver um pacto entre os partidos logo após a eleição, que permita votar três ou quatro itens essenciais, a Constituinte exclusiva se torna desnecessária", disse o deputado.

Segundo o presidente do PT, pelo menos três elementos precisam constar da lista de mudanças promovidas por uma reforma na área. O primeiro, disse ele, é a fidelidade partidária, seguida do financiamento público de campanha. O terceiro ponto é a mudança na maneira como é gerido o Orçamento da União, de forma a priorizar o debate em torno de questões estruturais, pondo fim a emendas parlamentares.